As autoridades marroquinas encontraram oito corpos na costa do país, depois de uma pequena embarcação de migrantes ter virado na segunda-feira. Os corpos dos refugiados foram encontrados perto da localidade de Akhfennir, uma região que fica de frente para as ilhas Canárias, que pertencem à Espanha.
Citadas pela ABC News, as autoridades de Marrocos contaram que, além dos oito mortos, havia mais 18 refugiados a bordo do barco, e foram todos encontrados com vida.
As tentativas de viagem a partir de Marrocos por refugiados de vários países africanos em guerra, nomeadamente do Sudão do Sul ou do Mali, têm sido cada vez mais frequentes, à medida que muitos tentam chegar à União Europeia, especialmente através da cidade de Melilla - um enclave espanhol situado do outro lado do Mediterrâneo, no continente africano.
No mês passado, cerca de 2.000 refugiados tentaram entrar na região espanhola, mas muitos poucos conseguiram, com os restantes a serem levados para centros de acolhimento. No entanto, nesses centros - onde organizações não-governamentais já alertaram para gravíssimos ataques aos direitos humanos -, acabaram por morrer pelo menos 23 pessoas.
As organizações de direitos humanos e de proteção de refugiados apontam o dedo às forças de segurança espanhola e marroquina, pelo uso de força excessivo contra pessoas inocentes e com direito a asilo.
As organizações pedem, especificamente, que "as práticas violentas de dissuasão usadas pelas forças de segurança sejam investigadas, porque representam uma grave violação dos tratados internacionais de Direitos Humanos ratificados" tanto por Espanha como por Marrocos.
Na semana passada, o Conselho Nacional de Direitos Humanos de Marrocos (CNDH) considerou que as autoridades espanholas não prestaram assistência aos milhares de migrantes que, em 24 de junho, tentaram entrar em Melilla.
"Com base numa série de testemunhos, nomeadamente de organizações não-governamentais, a comissão invoca a hipótese de a violência ter sido causada pela renúncia ou hesitação das autoridades espanholas em prestar auxílio, apesar da grande concentração de migrantes no posto fronteiriço", afirmou então a presidente do CNDH, Amina Bouayach, numa conferência de imprensa realizada em Rabat.
Os enclaves espanhóis de Ceuta e Melilla são as únicas fronteiras terrestres da UE com o continente africano (com Marrocos, nos dois casos).
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