Na carta com a data de segunda-feira, Reynders disse à deputada europeia Sophie in't Veld, que recebeu em novembro do ano passado um alerta da Apple de que o seu telemóvel poderia ter sido alvo de um possível ataque pelo 'software' Pegasus, desenvolvido pela israelita NSO Group.
De acordo com a carta, citada na quinta-feira pela agência France-Presse (AFP), outros membros da comissão receberam notificações semelhantes.
Os alertas desencadearam uma investigação que não "confirmou que o Pegasus tenha conseguido infetar os aparelhos, pessoais ou profissionais, do comissário" para a Justiça ou de outro qualquer funcionário.
No entanto, várias verificações destes dispositivos "levaram à descoberta de pistas de pirataria", acrescenta a missiva, que refere ser "impossível atribuir com certeza estas pistas a um perpetrador específico".
A carta não fornece mais pormenores sobre o resultado da investigação, que está atualmente em curso, sendo que a comissão cita razões de segurança para não os comunicar.
Questionado hoje sobre o assunto, o porta-voz da Comissão Europeia recusou-se a dizer quantos telemóveis foram afetados.
Por sua vez, a NSO disse estar pronta para "cooperar com qualquer investigação para estabelecer a verdade", segundo um porta-voz da empresa, que sublinhou que "até hoje, não há provas absolutas que tenha ocorrido uma infração".
A carta do comissário e do seu colega Johannes Hahn surge como resposta a um pedido de informação da deputada holandesa Sophie in't Veld, relatora da comissão de inquérito do Parlamento Europeu sobre a utilização do Pegasus e de outros programas de 'spyware' contra jornalistas, políticos e atores da sociedade civil.
A Comissão Europeia enviou cartas à Hungria, à Polónia e a Espanha sobre a utilização do Pegasus, levantando preocupação sobre o cumprimento das normas europeias de proteção da vida privada.
De acordo com a Comissão Europeia, a Hungria e a Polónia responderam que a utilização do 'software' é uma questão de "segurança nacional" e não de direito comunitário -- algo contestado por Bruxelas --, enquanto Espanha ainda não se pronunciou.
O eurodeputado grego Nikos Androulakis apresentou na terça-feira uma queixa ao Supremo Tribunal grego sobre uma tentativa de espionagem do seu telemóvel pelo Predator, um 'spyware' semelhante ao Pegasus.
A tentativa foi sinalizada por um serviço criado pelo Parlamento Europeu para permitir aos eurodeputados o controlo da presença de programas de vigilância ilegais nos seus telefones.
O programa Pegasus foi concebido para alcançar criminosos e terroristas, mas foi, alegadamente, utilizado para invadir os telemóveis de líderes políticos internacionais, jornalistas, ativistas dos direitos humanos ou diretores de empresas.
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