A posição da ONU foi expressa por Farhan Haq, porta-voz adjunto do secretário-geral da ONU, que acrescentou que a organização está preocupada com informações relativas à participação de milicianos mai-mai nas recentes manifestações contra os "capacetes azuis" em vários pontos do país.
"As ameaças contra a missão continuam a circular nas redes sociais", denunciou.
Farhan Haq reconheceu que a situação "é tensa e frágil" e lamentou que "os manifestantes continuem a atacar as bases das forças de paz da ONU, embora em menor grau do que nos dias anteriores".
O porta-voz adjunto confirmou que "num acampamento em Uvira, os manifestantes atravessaram brevemente o perímetro e danificaram alguns veículos", enquanto em Beni "atiraram bombas explosivas artesanais na base de Boikene".
"Uma tentativa de invadir o complexo de Madiba foi impedida", adiantou.
Farhan Haq enfatizou que "a Monusco continua em estado de alerta e a trabalhar em estreita colaboração com as forças de segurança locais e interagindo com as autoridades nacionais, sociedade civil e grupos comunitários para restaurar a confiança e a calma".
"Reconhecemos os esforços dos atores políticos e comunitários para restaurar a calma pedindo às pessoas que evitem a violência contra a missão. Particularmente em Goma, Nyamilina e Rwindi, o aumento da presença de forças de segurança nacional perto de nossos complexos ajudou a deter a violência contra o pessoal da ONU e bases", explicou Haq.
Por último, sublinhou que "a Monusco está disposta a trabalhar com as autoridades da RDCongo para investigar os incidentes em que manifestantes foram mortos ou feridos".
"A missão também continua o seu trabalho com as autoridades e a população da RDCongo para proteger civis, deter grupos armados e capacitar instituições e serviços estatais", concluiu.
Farhan Haq disse na terça-feira que o ataque contra uma base da Monusco em Butembo no contexto destes protestos, que resultou na morte de um 'capacete azul' e de dois polícias da missão, pode constituir um crime de guerra.
O presidente da Comissão da União Africana (UA), Moussa Faki Mahamat, manifestou-se igualmente preocupado com a situação no leste da RDCongo e condenou "vigorosamente" a "incitação ao ódio" e "ataques contra a Monusco".
Faki Mahamat pediu calma para permitir que as iniciativas lançadas pela organização, liderada pelo Presidente angolano, João Lourenço, e pela Comunidade Económica da África Oriental a favor da paz "continuem".
Nesse sentido, pediu "a cessação imediata de todas as formas de violência da população e grupos armados contra pessoas, bens e a missão da ONU na RDCongo" e pediu às autoridades que "adotem todas as medidas necessárias para acabar com a violência e restabelecer a calma na região".
A Monusco está implantada no nordeste da RDCongo há mais de 20 anos, na tentativa de fortalecer a paz no país, apesar da presença de cerca de 130 grupos armados que disputam o controlo dos vastos recursos naturais existentes, designadamente cobre, cobalto, ouro e diamantes.
Presente na RDCongo desde 1999, a Monuc (Missão da ONU na RDCongo) que se tornou Monusco (Missão da ONU para a Estabilização na RDCongo) com a evolução do seu mandato em 2010, é considerada uma das maiores e mais caras missões da ONU do mundo, com um orçamento anual de mil milhões de dólares (cerca de 980 milhões de euros, ao câmbio atual).
A missão da ONU conta atualmente com mais de 14.000 "capacetes azuis".
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