Prisão efetiva para migrantes detidos na véspera do drama de Melilla
Um tribunal marroquino condenou hoje 14 migrantes a oito meses de prisão efetiva por "pertença a um grupo criminal de imigração clandestina", após serem detidos pouco antes da tentativa massiva de entrada no enclave espanhol de Melilla.
© Getty Images
Mundo Melilla
"O tribunal de primeira instância de Nador condenou esses migrantes a oito meses de prisão efetiva, é uma decisão muito dura", indicou hoje à agência noticiosa AFP o seu advogado Mbarek Bouirig, que vai recorrer da sentença.
Os 14 migrantes condenados, na maioria sudaneses, foram detidos em 23 de junho durante uma operação de busca das autoridades marroquinas no maciço de Gourougou, perto da fronteira com Melilla.
Entre outras suspeitas, foram indiciados por "pertença a um grupo criminoso de imigração clandestina" em Marrocos, "ofensa aos agentes da força pública durante o exercício da sua função" e "desobediência", segundo indicou Bouirig.
"Por que motivo condenar migrantes cujo único delito foi refugiar-se numa floresta? Não tentaram atravessar a fronteira", sublinhou à AFP Omar Naji, membro da secção local da Associação marroquina dos direitos humanos (AMDH), que esteve presente durante o julgamento.
Um dia após a sua detenção, cerca de 2.000 migrantes, na maioria provenientes do Sudão -- um país pobre assolado por conflitos e dirigido por um regime militar -- tentaram entrar à força em 24 de junho na cidade autónoma espanhola de Melilla, situada em território marroquino.
Esta ação, e que envolveu forças policiais dos dois lados da fronteira, provocou 23 mortos entre os migrantes, segundo as autoridades marroquinas, e motivou uma forte indignação.
Este foi o pior balanço humano registado nas fronteiras entre Marrocos e os enclaves de Ceuta e Melilla, as únicas fronteiras terrestres da União Europeia com o continente africano.
Após esta tragédia, 33 migrantes foram condenados em 19 de julho a 11 meses de prisão efetiva cada um, por "entrada ilegal" em Marrocos. Outros 29, incluindo um menor, continuam a ser julgados pela justiça marroquina.
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