"Recebemos no Aeroporto Internacional Jacinto Lara [370 quilómetros a oeste de Caracas] as delegações da Rússia, Bielorrússia, Uzbequistão, Mianmar, Abcásia, e da China como país observador dos 'Army Games 2022'", anunciou o governador do estado de Lara, numa mensagem na sua conta do Twitter.
Numa outra mensagem, Adolfo Pereira explica que recebeu também a delegação da Bolívia e que o ato inaugural dos "Army Games 2022" terá lugar nos próximos dias.
Segundo o Comando Estratégico Operacional das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (CEOFANB), os Jogos Militares Internacionais são um dos eventos mais importantes das forças armadas.
"Homens e mulheres de vários países competem em diferentes disciplinas, demonstrando o seu elevado nível de prontidão operacional, formação, coesão e desenvolvimento tecnológico, reforçando assim a Cooperação Militar Internacional", explica o CEOFANB na sua página web.
A imprensa local dá conta de que 37 países vão participar nos "Army Games 2022" e que a Venezuela "é o primeiro país do continente americano" a ser sede daquela competição, acolhendo a prova "Fronteira Franco-atirador" que terá lugar no Forte de Terepaima, no estado de Lara.
Dividida em quatro categorias, a prova "Fronteira Franco-atirador" testará as habilidades e velocidade das equipas militares, usando fuzis de precisão SVD Dragunov de 7,62 mm com mira telescópica orgânica e granadas de treino.
Segundo a versão espanhola do canal de televisão Rússia Today (RT), "será a primeira vez em que todas as provas vão realizar-se fora do território da Federação Russa" devido "às sanções políticas e económicas dos Estados Unidos e da Europa pela invasão da Ucrânia".
O RT precisa que 13 países (Azerbaijão, Argélia, Arménia, Bielorrússia, Venezuela, Vietname, Irão, Índia, Cazaquistão, China, Rússia, Arábia Saudita e Uzbequistão), "aceitaram acolher este torneio organizado pelo Ministério da Defesa da Rússia desde 2015" tendo sido confirmada a participação de 237 equipas.
Em 8 de julho, o diário venezuelano "TalCual", crítico do Governo venezuelano, avançou que a Venezuela, a Rússia, o Irão e a China estão a preparar exercícios militares conjuntos para agosto.
"No mês de agosto vão realizar-se os exercícios militares 'Sniper Frontier'", explica o "TalCual", um diário crítico do Governo venezuelano, citando informações do Centro para uma Sociedade Livre e Segura (SFS, na sigla em inglês).
Segundo o diário ,"essas atividades fazem parte de uma nova tentativa do Governo" do Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, "de reforçar relações com estas nações e desafiar os Estados Unidos".
Citando o SFS, o "TalCual" explica que "outras dez nações" vão participar nos "exercícios armados" que "irão testar as capacidades de manuseamento de armas das forças militares".
"É um movimento estratégico que visa posicionar meios militares destacados na América Latina e nas Caraíbas", sublinha.
No texto, o diário cita declarações do Presidente da Rússia, Vladimir Putin, que teria afirmado que Washington "não se deu conta que surgiram novos centros poderosos, que são cada mais e estão a tornar-se cada vez mais fortes".
"Há ano e meio, falando no fórum de Davos, sublinhei mais uma vez que tinha acabado a era da ordem mundial unipolar, apesar de todas as tentativas para o salvar e para o preservar por todos os meios possíveis. Quando os EUA venceram a Guerra Fria, declararam-se representantes de Deus na Terra, pessoas que não têm responsabilidades, apenas interesses", afirma o "TalCual" citando declarações de Vladimir Putin em junho último, em São Petersburgo.
Segundo o SFS, os países da aliança Venezuela, Rússia, Irão e China (VRIC) preparam-se também para declarar que "a região [América Latina] está pronta para abraçar a força multipolar".
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