Num discurso feito em Pretória, capital da África do Sul, e divulgado hoje pelo Departamento de Estado norte-americano, o secretário de Estado Antony Blinken anunciou que se trata de uma estratégia baseada no envolvimento dos EUA na África Subsaariana.
"A nossa estratégia está enraizada no reconhecimento de que a África Subsaariana é uma grande força geopolítica, que moldou o nosso passado, está a moldar o nosso presente e moldará o futuro. É uma estratégia que reflete a complexidade da região -- a sua diversidade, poder e influência -- e que se concentra no que faremos com nações e povos africanos, não para nações e povos africanos", sublinhou.
De acordo com Blinken, os Estados Unidos e as nações africanas não podem alcançar nenhuma prioridade compartilhada - como recuperação da pandemia, criação de oportunidades económicas, combate à crise climática, expansão do acesso à energia ou revitalização das democracias -- se não trabalharem conjuntamente "como parceiros iguais".
Nesse sentido, o secretário de Estado, que viajou para a África do Sul, República Democrática do Congo e Ruanda, sublinhou as quatro prioridades que estão no centro da estratégia dos EUA para a África Subsaariana.
"Primeiro, promoveremos a abertura, ou seja, a capacidade de indivíduos, comunidades e nações de escolher o seu próprio caminho e moldar o mundo em que vivemos.(...) Os EUA não vão ditar as escolhas da África. Nem mais ninguém deveria. O direito de fazer essas escolhas pertence aos africanos, e somente aos africanos", frisou o líder da diplomacia norte-americana.
Ao usar o termo "abertura", Blinken referiu-se também à criação de caminhos para o livre fluxo de ideias, informações e investimentos, que, na atualidade, exigem conectividade digital.
"Assim, os EUA estão a fazer parceria com Governos, empresas e empresários africanos para construir e adaptar a infraestrutura que permite essa conectividade -- uma internet aberta, confiável, interoperável e segura; centros de dados e computação em nuvem", afirmou.
Como exemplo dessa abertura, Antony Blinken mencionou Moçambique, que em março se tornou no primeiro país africano a licenciar a tecnologia Starlink da SpaceX. A tecnologia usa satélites para fornecer serviço de internet e ajudará a expandir o acesso e reduzir custos para as pessoas em todas as áreas rurais do país.
"Agora, uma razão pela qual o serviço de internet é tão irregular em lugares como Moçambique é porque os provedores dependem de 'data centers' que estão a centenas ou mesmo milhares de quilómetros de distância. Estamos a trabalhar com países e empresas africanas para mudar isso", frisou o líder norte-americano, anunciando a alocação de 300 milhões de dólares (293,7 milhões de euros) em financiamento para desenvolver, construir e operar 'data centers' em toda a região.
"Trabalhar com parceiros africanos para cumprir a promessa da democracia" foi a segunda prioridade elencada por Blinken.
Para isso, o Presidente dos EUA, Joe Biden, conduzirá em dezembro deste ano a Cimeira de Líderes Africanos, com foco no combate às ameaças à democracia, como a desinformação, vigilância digital e corrupção armada.
"Lançaremos uma nova abordagem à boa governança (...) que fará um investimento de uma década na promoção de sociedades mais pacíficas, mais inclusivas e mais resilientes em lugares onde as condições estão propícias para o conflito, incluindo Moçambique (...), Benin, Costa do Marfim, Gana, Guiné, Togo", declarou Blinken.
"Graças ao apoio bipartidário no Congresso dos Estados Unidos, essa iniciativa pode contar com 200 milhões de dólares [195,8 milhões de euros] por ano em financiamento -- todos os anos, por 10 anos", destacou ainda o secretário de Estado.
Em terceiro lugar, os EUA e África Subsaariana trabalharão juntos na recuperação face à covid-19 e estabelecerão "bases para oportunidades económicas sustentáveis de base ampla para melhorar a vida" dos seus povos.
Por último, a estratégia de parceria incidirá na liderança para uma "transição de energia limpa que salve o nosso planeta, se adapte aos efeitos das mudanças climáticas e forneça energia para potencializar oportunidades económicas", concluiu Blinken.
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