Dois polícias foram "espancados até à morte por manifestantes" no leste da capital, disse Brima Kamara, e em consequência o vice-presidente, Mohamed Juldeh Jalloh, anunciou a instauração do recolher obrigatório.
No bairro de Kissy, na parte leste da capital, dezenas de jovens manifestantes atiraram pedras e paus contra as forças de segurança, que responderam com gás lacrimogéneo, segundo a imprensa presente no local.
Alguns dos manifestantes gritavam "Bio deve partir", em referência ao Presidente Julius Maada Bio, no poder desde 2018.
Alguns manifestantes disseram à imprensa que as forças de segurança dispararam munição real e dezenas deles, feridos, receberam cuidados médicos no Hospital Cannaught, segundo um médico que pediu para não ser identificado.
A polícia anunciou que havia detido dezenas de manifestantes.
A iniciativa do protesto partiu de um grupo de mulheres comerciantes que convocou um "comício pacífico" para "chamar a atenção para as dificuldades económicas e muitas questões que afetam as mulheres em Serra Leoa", de acordo com uma carta endereçada ao inspetor-geral de Polícia, citada pela agência France-Presse.
Em declarações à televisão estatal, Mohamed Juldeh Jalloh acusou "alguns serra-leoneses de intensificarem apelos à violência e ao derrube do governo legítimo pela força".
"Esses indivíduos sem escrúpulos embarcaram num protesto violento e não autorizado, que resultou na morte de inocentes serra-leoneses, incluindo alguns membros das forças de segurança", acrescentou.
A Internet esteve hoje durante a tarde temporariamente bloqueada, segundo o NetBlocks, uma plataforma com sede em Londres que monitoriza bloqueios em todo o mundo.
O Presidente Bio está atualmente no Reino Unido a efetuar uma visita particular.
Além de Freetown, registaram-se igualmente manifestações nas cidades de Makeni e Magburuka, no centro do país.
Apesar de um solo rico em diamantes, a Serra Leoa é um dos países menos desenvolvidos do mundo.
A ex-colónia britânica e os seus 7,5 milhões de habitantes ainda estavam a recuperar de uma brutal guerra civil (1991-2002) e do surto de Ébola (2014-2016) na África Ocidental, quando foram atingidos pela pandemia de covid-19 e depois pelas consequências económicas da guerra na Ucrânia.
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