Aprovada pelo dividido Congresso, esta legislação prevê quase 375 mil milhões de dólares (368,9 mil milhões de euros) em programas climáticos e de energia destinados a ajudar o país a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em cerca de 40% até 2030.
Apesar do esforço, os Estados Unidos ainda não estão a fazer a sua parte para ajudar o mundo a combater a subida da temperatura, refere uma nova análise das organizações que elaboram o índice Climate Action Tracker (CAT) de cada país.
Os cientistas classificaram a ação norte-americana "como insuficiente", mas elogiaram algum progresso, noticia a agência Associated Press (AP).
"Esta é a melhor coisa que aconteceu aos EUA em política climática. Quando pensamos nas últimas décadas, sem querer ser indelicado, há muita conversa, mas pouca ação", salientou Bill Hare, diretor da Climate Analytics na Austrália.
Esta ação ainda não se compara com a Europa, pois os norte-americanos ainda produzem duas vezes mais gases de retenção de calor por pessoa que os europeus, alertou Hare.
Os Estados Unidos também colocaram mais gás na atmosfera do que qualquer outra nação ao longo do tempo.
Antes desta lei se todas as nações fizessem esforços semelhantes aos EUA, o mundo caminharia para um aquecimento catastrófico, entre 03 a 04 graus centígrados acima da época pré-industrial.
Agora, no melhor cenário, considerado pelos cientistas como "razoável e provável", as ações dos norte-americanos, caso imitadas, levaria a apenas um aquecimento de dois graus centígrados.
Caso as medidas não funcionem da forma tão otimista, o aquecimento será de três graus centígrados, segundo a análise.
De qualquer forma, mesmo o melhor cenário fica aquém da meta abrangente internacionalmente aceite de limitar o aquecimento a 1,5 graus centígrados desde os tempos pré-industriais.
O mundo já aqueceu 1,1 graus centígrados desde meados do século XIX.
Outras nações "que se têm coibido em avançar com políticas e metas mais ambiciosas" estão agora mais propensas a agir num "efeito significativo globalmente", explicou Bill Hare.
Autoridades do Chile e de alguns países do sudeste asiático, que não foram divulgados, referiram ao cientista este verão que estavam à espera de conhecer primeiro medida dos EUA.
"A China nunca dirá isso em voz alta, mas penso que verá o movimento dos EUA como algo que precisam de alcançar", atirou ainda.
Cientistas do Climate Action Tracker calcularam que, sem outras novas políticas climáticas, as emissões de dióxido de carbono dos EUA em 2030 diminuirão entre 26% a 42% abaixo dos níveis de 2005, o que ainda está aquém da meta do país de reduzir as emissões para metade.
Já analistas do grupo de reflexão Rhodium Group calcularam cortes na poluição entre 31% e 44% com esta nova lei.
Outros analistas e cientistas disseram que os números do Climate Action Tracker fazem sentido.
"As contribuições dos EUA para as emissões de gases de efeito estufa são enormes. Reduzi-los terá definitivamente um impacto global", sublinhou Gabriel Vecchi, da Universidade de Princeton.
Samantha Gross, diretora de clima e energia da Brookings Institution, considerou a nova lei um avanço nas reduções de emissões dos EUA, mas pediu que o país pense no que será feito no futuro.
A Lei de Redução da Inflação assinada esta terça-feira por Joe Biden é uma reviravolta em ano eleitoral, servindo antigos objetivos partidários dos democratas, ligados ao combate às alterações climáticas e ao acesso a cuidados de saúde.
O pacote será financiado, em grande parte, por aumentos de impostos, incluindo um novo imposto sobre recompras de ações de empresas e um imposto mínimo de 15% para empresas com lucros muito elevados.
Em relação ao ambiente, o projeto de lei injetará quase 375 mil milhões de dólares ao longo da década, o que para os consumidores significa benefícios fiscais para a compra de veículos elétricos.
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