O general aposentado Carlos Alberto dos Santos Cruz, do Brasil, será o chefe desta missão de investigação, que será composta ainda por outros dois membros: a islandesa Ingibjörg Sólrún Gísladóttir, e Issoufou Yacouba, do Níger.
Santos Cruz ocupou vários cargos nas Nações Unidas ao longo dos anos, incluindo o de comandante das missões das Nações Unidas na República Democrática do Congo e no Haiti.
Entre 2001 e 2003 foi adido militar junto à Embaixada do Brasil em Moscovo, experiência internacional que pode ter pesado na sua nomeação para chefiar a missão da ONU que vai investigar o ataque contra o centro de detenção em Olenivka em 29 de julho, ato que poderá constituir um crime de guerra.
Já na reserva, Santos Cruz foi assessor especial do ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, no Governo brasileiro da ex-Presidente Dilma Rousseff.
Em 2017, o militar assumiu o cargo de secretário de Segurança Pública do Ministério da Justiça, no Governo do antigo chefe de Estado Michel Temer, função que deixou para se tornar consultor da ONU, em 2018.
Em novembro de 2018, Santos Cruz foi anunciado como o futuro ministro chefe da Secretaria de Governo liderado pelo então recém-eleito Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, cargo que ocupou até junho de 2019, quando foi demitido devido a divergências com as estratégias da equipa de comunicação.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, anunciou no início de agosto que iria criar esta missão para averiguar as circunstâncias do ataque contra a prisão ucraniana de Olenivka, depois de ter recebido pedidos por parte da Rússia e da Ucrânia.
A missão de investigação pretende reunir provas para tentar esclarecer o ocorrido, embora as Nações Unidas não tenham autoridade para tomar medidas criminais contra os responsáveis.
Para já, não há data para o destacamento da missão e o porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric, disse que a organização internacional está em contacto com as partes em conflito para garantir a segurança dos peritos, para que possam realizar o seu trabalho em total liberdade e tenham acesso aos lugares, pessoas e documentos que julgarem necessários.
A Rússia culpou a Ucrânia por este "massacre" registado na prisão de Olenivka e que, segundo Moscovo, foi perpetrado com mísseis Himars, fornecidos pelos Estados Unidos ao exército ucraniano.
Kyiv, por sua vez, negou firmemente qualquer ligação ao bombardeamento que matou os seus próprios soldados e apontou a responsabilidade a mercenários do Grupo Wagner, uma organização militar privada composta por membros de forças de elite dos serviços secretos ou antigos militares com alegadas ligações ao Kremlin.
Moscovo confirmou a morte de 50 dos 193 prisioneiros ucranianos que estavam no centro de detenção, entre os quais estariam membros do regimento Azov -- uma unidade criada em 2014, durante a primeira invasão da Federação Russa contra o território da Ucrânia, e que foi integrada mais tarde no exército regular de Kyiv -, que são classificados como "neonazis" pelas autoridades russas.
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