"Estamos preocupados com as informações sobre uma retoma das hostilidades na Etiópia e apelamos ao Governo e à TPLF [Frente Popular de Libertação de Tigray] para que redobrem os esforços (...) para estabelecer um cessar-fogo duradouro sem condições", disse o porta-voz adjunto do Departamento de Estado norte-americano, Vedant Patel.
O Governo etíope e os rebeldes tigray, em guerra desde 2020, declararam uma trégua em março passado, mas hoje ambas as partes confirmaram o recomeço dos confrontos no norte da Etiópia, acusando-se mutuamente de violar o cessar-fogo de cinco meses.
Essa trégua, sublinhou hoje Patel, "permitiu salvar inúmeras vidas e que a ajuda chegasse a dezenas de milhares de pessoas".
"As recentes provocações no campo de batalha e a ausência de um cessar-fogo duradouro ameaçam esses avanços", lamentou.
O porta-voz norte-americano garantiu que os Estados Unidos estão dispostos a trabalhar com os etíopes, tanto no plano diplomático, como no plano humanitário, mas sublinhou que o objetivo último é "pôr fim ao conflito de forma permanente".
A reação de Washington junta-se às do secretário-geral da ONU, António Guterres, e do presidente da Comissão da União Africana, que já hoje pediram, em momentos diferentes, o fim imediato das hostilidades na Etiópia.
O conflito na Etiópia eclodiu em novembro de 2020 após um ataque da Frente Popular de Libertação de Tigray (TPLF), partido que governava a região, contra a principal base do Exército, localizada em Mekelle, após o qual o primeiro-ministro, Abiy Ahmed, prémio Nobel da Paz em 2019, ordenou uma ofensiva militar após meses de tensões políticas e administrativas.
Ao fim de uma trégua de cinco meses, as forças armadas da TPLF acusaram o exército de lançar uma "ampla ofensiva" no sul do território com o apoio de tropas especiais e milícias da vizinha região de Amhara.
Contudo, o Serviço de Comunicação do Governo etíope respondeu com outra declaração na qual afirmava que a TPLF "lançou um ataque esta manhã" no sul de Tigray.
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