Movimentos cívicos reportam incidentes nas assembleias de voto em Angola
Vídeos partilhados por movimentos cívicos e ativistas angolanos registam hoje vários incidentes e irregularidade em assembleias de voto, em todo o país.
© Lusa
Mundo Angola/Eleições
O Movimento Cívico Mudei reporta, através da conta na rede social Twitter, a detenção de um ativista cívico na província do Zaire por estar a fotografar a ata síntese na sede do município do Cuimba, posteriormente libertado.
Na assembleia de voto 61, em Luanda, a presidente não quis tornar pública a ata síntese "e foi-se embora com a polícia sem publicar a ata", relata o movimento.
O Mudei denuncia ainda a não afixação de atas síntese em cinco assembleias de voto no Luau, província do Moxico, onde foi também detido um ativista cívico que estava a fotografar atas síntese.
Segundo o Mudei, o mesmo aconteceu no Uíje.
#zaire
— Movimento Civico (@MovCivicoMudei) August 24, 2022
Activista cívico do Movimento Civico Mudei, Lourenço João Morais, foi preso por estar a fotografar acta síntese, na assembleia de voto, na sede do municipio do Kuimba, Zaire.
O número do inspector: 927674043
Já sabem... inundar o homem até ele soltar o cidadão. pic.twitter.com/bBOn80Ds25
Um vídeo partilhado por Florindo Chivukute, diretor da organização Friends of Angola [Amigos de Angola], mostra ânimos exaltados numa assembleia de voto no Kilamba Kiaxi (Luanda), com gritos de "fraude", vendo-se uma urna transparente com os votos a ser retirada sob proteção policial.
"Carro civil está a levar os votos", gritam os populares.
— Florindo Chivucute (@Chivucute) August 24, 2022
Num outro vídeo, também no Kilamba Kiaxi, algumas dezenas de populares cantam o hino angolano e aplaudem "a hora é agora", o slogan da candidatura de Adalberto da Costa Júnior, líder da UNITA, na assembleia 1527, depois de um impasse na afixação da ata.
— Florindo Chivucute (@Chivucute) August 24, 2022
O portal VOA, página da rádio Voz da América, falou com um membro responsável da assembleia de voto da Avenida Lenine que disse ter tido ordem da CNE para não afixar a ata síntese.
"Estamos a ser muito pressionados pela CNE", confessou um membro da assembleia de voto, que pediu para não ser identificado por temer represálias.
A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) deu hoje uma conferência de imprensa em que o número dois da lista, Abel Chivukuvuku, afirmou que os dados provisórios recolhidos das eleições de quarta-feira apontam para uma vitória do partido.
"Os nossos centros de escrutínio [dão] claros indicadores provisórios de tendência de vitória da UNITA em todas as províncias do no nosso país", afirmou Chivukuvuku, indicando que, nos municípios da província de Luanda, o partido no poder (Movimento Popular de Libertação de Angola, MPLA) ganhou apenas em um município.
Instantes antes, a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) anunciou dados diferentes, com um terço dos votos contabilizados que, segundo as autoridades, indiciam uma vitória do MPLA com 60,65% dos votos.
Leia Também: Angola. UNITA diz que vai à frente na contagem e contraria dados da CNE
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