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África do Sul. Setor mineiro quer polícia para combater mineração ilegal

O Conselho de Minerais da África do Sul defendeu hoje a criação de uma unidade de polícia especializada para combater a mineração ilegal na indústria que emprega cerca de 18.000 moçambicanos, metade do total de mineiros migrantes no país.

África do Sul. Setor mineiro quer polícia para combater mineração ilegal
Notícias ao Minuto

10:36 - 27/08/22 por Lusa

Mundo mineração

Em declarações à Lusa, o porta-voz do conselho, antiga Câmara de Minas do país, Allan Seccombe, avançou que a instituição sul-africana, com mais de 130 anos de existência, está a trabalhar nesse sentido com o grupo de trabalho do Governo sul-africano responsável por questões de segurança no país, que integra a Polícia, os serviços de inteligência criminal e o Ministério da Justiça, no sentido de abordarem a mineração ilegal e a segurança das minas.

"A intenção é garantir a criação de uma unidade policial altamente treinada e especializada que se concentre em questões relacionadas com a mineração, melhor inteligência criminal e sentenças judiciais mais duras contra a mineração ilegal e o comércio de minerais adquiridos ilegalmente", declarou Allan Seccombe à Lusa.

O setor mineiro na África do Sul emprega uma força de trabalho total de 459.000 pessoas, segundo dados avançados à Lusa.

"Os trabalhadores moçambicanos representam cerca de metade dos 35.000 mineiros migrantes nas minas sul-africanas, ou seja, cerca de 17.000 a 18.000 mineiros", adiantou o porta-voz do Conselho de Minerais da África do Sul.

A África do Sul, um dos maiores produtores mundiais de ouro, platina, diamantes e carvão, enfrenta atualmente uma crise "sem precedentes" devido à insegurança e ao crime organizado, segundo as autoridades sul-africanas e as mineradoras que operam no país.

"A África do Sul tem um em cada quatro adultos desempregados, tem um alto nível de criminalidade, tem fronteiras porosas e há poderosos sindicatos criminosos que estão por trás da mineração ilegal", explicou Allan Seccombe, frisando que "os líderes e mentores desses sindicatos não foram presos e parecem ter prosperado, movendo-se para outros minerais como carvão, diamantes, cromo e metais do grupo da platina, bem como ouro, fonte de grande parte da mineração ilegal da África do Sul no passado recente".

As mineradoras estimam em "muitos milhares" o número de pessoas envolvidas na mineração ilegal na África do Sul, direta e indiretamente, salientando que estes trabalhadores mineiros ilegais, conhecidos localmente como 'Zama Zama', arriscam a sua vida principalmente em poços abandonados, onde chegam a descer até aos quatro quilómetros de profundidade abaixo do solo e onde permanecem por vários dias.

Pelo menos 350 trabalhadores mineiros em situação ilegal no país, dos quais 43 são moçambicanos, foram presos na sequência de um alegado incidente de violação coletiva em julho como parte de várias operações policiais de combate à mineração ilegal nas áreas de Krugersdorp e Randfontein, anunciou fonte da polícia sul-africana.

Segundo a polícia sul-africana, os temidos 'Zama Zama0, que se encontram altamente armados, são oriundos de vários países africanos, nomeadamente de Moçambique, Zimbabué, Maláui e Lesoto.

O impacto financeiro desta atividade ilegal no setor é difícil de quantificar, adiantou Allan Seccombe, sublinhando, todavia, que "é seguro dizer que [o Conselho] se depara com dezenas de biliões de rands em minerais extraídos e exportados ilegalmente, com biliões de rands perdidos para o fisco".

"O impacto da mineração ilegal vai além das atividades financeiras e integra ações criminosas nas comunidades, com violência, intimidação, assassinatos, tráfico de pessoas, roubo e degradação ambiental", sublinhou.

O assalto armado por um gangue e a violação coletiva de oito jovens mulheres, que gravavam um videoclipe numa mina abandonada próximo de Krugersdorp, na parte oeste de Joanesburgo, aumentou a consciência pública no país e da comunicação social sul-africana para a dimensão das redes criminosas que se infiltraram nos últimos anos nas comunidades locais para explorarem ilegalmente minas abandonadas e sem dono que se enquadram no Departamento de Minerais e Energia do governo sul-africano, bem como minas operacionais administradas por empresas legítimas.

O Conselho de Minerais condenou o incidente, salientando que os seus membros "têm uma abordagem de tolerância zero à violência de género e feminicídio nas suas operações", frisou o porta-voz Allan Allan Seccombe à Lusa.

Na ótica do Conselho de Minerais, "estas empresas criminosas organizadas, que recorrem à violência e intimidação por grupos fortemente armados e profissionais para defenderem os seus interesses, são uma das maiores ameaças à indústria de mineração da África do Sul".

Leia Também: AI alerta para uso de migrantes como "bodes expiatórios" na África do Sul

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