UE já está "demasiado atrasada" para se preparar para o inverno
A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, considera que a União Europeia (UE) já está "demasiado atrasada" na preparação do próximo inverno, relativamente ao eventual corte no abastecimento energético russo, apoiando uma intervenção de emergência no mercado europeu.
© Lusa
Mundo Crise energética
"Já estamos demasiado atrasados. Penso que há medidas imediatas que podem ser tomadas e ainda estamos longe do armazenamento que precisamos para o próximo inverno", afirma Roberta Metsola em entrevista à agência Lusa, em Bruxelas, um dia antes de iniciar uma visita oficial a Portugal, entre quinta e sexta-feira.
"Alguns países encontram-se numa situação pior do que outros e são os países cujos cidadãos podem pagar menos que são geralmente os que mais vão sofrer", reconhece a responsável.
E compara: "Quando estávamos a enfrentar uma pandemia, encontrámos um entendimento imediato sobre o que fazer, adotámos pacotes financeiros e levantámos as fronteiras quando as tínhamos imposto demasiado depressa".
Numa altura em que a UE teme um corte no fornecimento russo, que poderia levar a preços energéticos ainda mais elevados, a Comissão Europeia já avançou com metas como 80% de armazenamento de gás e redução de 15% na procura.
Além disso, o executivo comunitário anunciou que vai apresentar, dentro de semanas, uma proposta para intervenção de emergência no mercado energético europeu, estudando medidas como limites de preços, e que vai avançar no início do próximo ano com a reforma estrutural na eletricidade.
"Acolheríamos com agrado qualquer intervenção de emergência, mas, é claro, não podemos ter uma emergência para sempre", realça Roberta Metsola.
Assim, "penso que precisamos também de evitar a narrativa de que isto se deve à guerra e, por isso, [...] é necessário encontrar soluções para este problema e esta crise imediata", remata.
"Temos de olhar para outras fontes de abastecimento e a maior preocupação que tenho é a enorme disparidade entre países e uma abordagem única não pode funcionar para isto", adianta a líder da assembleia europeia.
Na atual configuração do mercado europeu, o gás determina o preço global da eletricidade quando é utilizado, uma vez que todos os produtores recebem o mesmo preço pelo mesmo produto --- a eletricidade --- quando este entra na rede.
Na UE, tem havido consenso de que este atual modelo de fixação de preços marginais é o mais eficiente, mas a acentuada crise energética, exacerbada pela guerra da Ucrânia, tem motivado discussão.
Uma vez que a UE depende muito das importações de combustíveis fósseis, nomeadamente do gás da Rússia, o atual contexto geopolítico levou a preços voláteis na eletricidade.
A UE importa 90% do gás que consome, sendo a Rússia responsável por cerca de 45% dessas importações, em níveis variáveis entre os Estados-membros.
Roberta Metsola foi eleita, em meados de janeiro passado, presidente do Parlamento Europeu na segunda metade da atual legislatura, até à constituição da nova assembleia após as eleições europeias de 2024.
Aos 43 anos, Roberta Metsola é a presidente mais jovem do Parlamento Europeu, após ter chegado a eurodeputada em 2013, pelo Partido Popular Europeu.
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