Presidente argentino reúne Governo perante após tentativa de matar vice

Presidente da Argentina, Alberto Fernández, liderou hoje uma reunião do Governo para analisar "o estado de agitação social" após a tentativa de assassínio da vice-presidente, Cristina Fernández, e exortou todos os cidadãos a mobilizarem-se.

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Ana Nunes Cordeiro
02/09/2022 19:59 ‧ 02/09/2022 por Ana Nunes Cordeiro

Mundo

Argentina

O Governo juntar-se-á à concentração convocada para a praça de Maio, em Buenos Aires, e "convida todos os argentinos e argentinas a expressarem-se com bandeiras (...) em defesa da democracia e em solidariedade com a vice-presidente", indicou, num comunicado hoje divulgado.

Em resposta à convocatória, milhares de pessoas concentraram-se hoje à tarde na emblemática praça de Maio para condenar a tentativa de homicídio sofrida na quinta-feira pela vice-chefe de Estado da Argentina.

Cristina Fernández de Kirchner (atual vice-presidente do país desde 2019, Presidente da República entre 2007 e 2015 e primeira-dama entre 2003 e 2007, quando o chefe de Estado era o marido, Néstor Kirchner) indicou tencionar também reunir-se com representantes de diversos setores da sociedade civil, procurando "um amplo consenso contra os discursos do ódio e da violência".

Após o incidente, a condenação da tentativa de homicídio de Fernández foi unânime na Argentina, também por parte de setores da oposição habitualmente críticos da vice-presidente.

Por seu lado, a presidente da Câmara de Deputados, Cecília Moreau, convocou para sábado um plenário especial para analisar a tentativa de assassínio.

A Polícia Federal argentina deteve na quinta-feira à noite um homem que apontou uma pistola à cabeça da vice-presidente quando esta estava à porta do edifício de apartamentos onde reside, no bairro de Recoleta, na capital argentina, rodeada de militantes kirchneristas.

O Presidente argentino indicou que a arma tinha cinco balas e que, por qualquer razão ainda por esclarecer, não disparou, apesar de o homem ter apertado o gatilho.

Canais de televisão locais mostraram imagens de um homem apontando uma arma à vice-presidente, que imediatamente se baixou, rodeada dos seus guarda-costas.

A juíza Maria Eugenia Capuchetti tomou a seu cargo as diligências relacionadas com o ataque perpetrado contra a vice-presidente argentina, que inquiriu hoje na sua residência de Buenos Aires, no âmbito de uma acusação classificada como "tentativa de homicídio qualificado".

Antes de Cristina Fernández, prestaram declarações efetivos da polícia responsáveis pela proteção da vice-presidente e simpatizantes de Kirchner que testemunharam como o detido, Fernando Andrés Sabag Montiel, apontou uma arma à cabeça da vice-chefe de Estado argentina, noticiou o diário La Nación.

A juíza e os procuradores do ministério público também efetuaram uma inspeção do local onde ocorreu a tentativa de homicídio, enquanto o suspeito era submetido a um primeiro exame médico que concluiu que, em princípio, poderá ser submetido a interrogatório.

As áreas em torno da residência de Fernández continuam protegidas por um forte dispositivo policial, com mais de meia centena de agentes, segundo o jornal Clarín, e há um quarteirão completamente fechado por razões de segurança.

Entretanto, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, condenou hoje a tentativa de assassínio da vice-presidente argentina, expressando repúdio por todas as formas de violência e ódio.

"Os Estados Unidos condenam energicamente a tentativa de assassínio da vice-presidente Cristina Fernández de Kirchner. Estamos com o Governo e o povo argentinos no repúdio à violência e ao ódio", disse o chefe da diplomacia norte-americano na rede social Twitter.

Após a tentativa de homicídio, o embaixador dos Estados Unidos na Argentina, Marc Stanley, disse sentir-se aliviado por saber que a vice-presidente estava bem e expressou "repúdio pela violência, o extremismo e o ódio".

O incidente insere-se no clima de forte tensão política que se vive na Argentina depois de, a 22 de agosto, um procurador do ministério público ter pedido uma sentença de 12 anos de prisão para Cristina Fernández.

O pedido ocorreu no âmbito do processo de que a vice-presidente é alvo por presumíveis irregularidades na adjudicação de obras públicas durante o seu período na Presidência do país (2007-2015).

Leia Também: Bolsonaro lamenta ataque a vice-presidente argentina

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