ONU denuncia tortura a prisioneiros de guerra ucranianos e russos
A ONU denunciou, esta sexta-feira, que os prisioneiros de guerra ucranianos nas mãos da Rússia ou de grupos armados associados a Moscovo são alvo de tortura e de maus tratos, o mesmo sucedendo com presos russos.
© Lusa
Mundo Ucrânia/Rússia
Segundo a representante para a Ucrânia do Gabinete dos Direitos Humanos da ONU, Matilda Bogner, a situação é "particularmente alarmante" no campo de prisioneiros de Olenivka, na província de Donetsk, ocupada pela Rússia, que, em julho, foi alvo de um bombardeamento que matou meia centena de detidos, entre os quais vários soldados ucranianos que defenderam a cidade de Mariupol.
"Documentámos uma série de violações contra prisioneiros de guerra. Tivemos acesso total a locais de detenção e internamento no território controlado pelo governo da Ucrânia, mas a Rússia não nos deu acesso", frisou Bogner, que falava à imprensa destacada em Genebra através de uma videoconferência a partir de Odessa.
Bogner destacou que há informações credíveis de que os prisioneiros ucranianos são espancados à chegada aos centros de detenção e que os que sofrem de hepatite, tuberculose ou outras doenças não recebem tratamento ou são separados do grupo principal.
Teme-se, acrescentou, que a situação de saúde se deteriore e que possa haver um surto infeccioso difícil de controlar.
Por outro lado, Bogner disse que a ONU também tem informações sobre pelo menos quatro prisioneiras de guerra grávidas e pediu à Rússia que as libertasse por razões humanitárias, pedido ao qual não obteve resposta.
A ONU também documentou casos de prisioneiros ucranianos que não têm permissão para comunicar com as respetivas famílias para dizer que foram capturados, ou a sua localização e estado de saúde.
A este respeito, Bogner sublinhou que os escritórios especializados em direitos humanos que a ONU estabeleceu em toda a Ucrânia recebem diariamente inúmeras chamadas telefónicas de parentes à procura de informações sobre soldados ou civis desaparecidos.
No sentido inverso, Bogner referiu que a ONU tem "amplo acesso" aos centros de detenção de prisioneiros de guerra russos na Ucrânia, mas observou que também existem situações de tortura e de maus-tratos que ocorrem com frequência nos interrogatórios iniciais e durante a transferência do detido para a prisão.
No entanto, Bogner salientou que a Ucrânia "cumpre, geralmente", os padrões de tratamento humanitário.
Até agora, o Gabinete para os Direitos Humanos da ONU confirmou que 5.767 civis ucranianos foram mortos e 8.292 feridos nas hostilidades, embora tenha sempre o cuidado de enfatizar que os números reais são muito maiores.
Por outro lado, a agência conseguiu verificar que, desde o início da guerra, a 24 de fevereiro passado, 416 pessoas foram detidas arbitrariamente e desapareceram em territórios sob controlo russo, e que, destas, apenas 166 foram libertadas, enquanto 16 foram encontradas mortas.
Da mesma forma, a ONU disse ter documentado que as forças de segurança ucranianas efetuaram 51 detenções arbitrárias, havendo informações sobre o desaparecimento de 30 pessoas.
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