Insegurança em países lusófonos em África mina cooperação sino-lusófona

O decano da Faculdade de Letras e Ciências Sociais da UTANG - Universidade Técnica de Angola Osvaldo Fernando Mboco defendeu hoje que a insegurança em países de língua portuguesa em África mina a cooperação sino-lusófona.

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© Siphiwe Sibeko/Reuters

Lusa
12/09/2022 11:27 ‧ 12/09/2022 por Lusa

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No dia em que o responsável do Comissariado dos Negócios Estrangeiros da China em Macau afirmou que o desenvolvimento e a segurança devem ser as duas prioridades para uma nova agenda da cooperação sino-lusófona na era pós-pandemia, o docente sustentou que a "problemática da segurança" nos países de língua portuguesa em África mina as relações entre os Estados, sobretudo a nível económico.

Osvaldo Fernando Mboco ressalvou, por um lado, que "sem segurança dificilmente se pode alcançar o desenvolvimento", mas recordou, por outro, que é necessário antes de mais definir o tipo de segurança que está em causa, assinalando, contudo, que, atualmente, "a grande preocupação é política ou de estabilidade política dos próprios Estados".

O académico destacou casos como o da Guiné-Bissau, Moçambique, Cabo Verde e Angola, que vivem casos distintos de insegurança. Se Cabo Verde é politicamente estável, "mas sem uma economia pujante", se na Guiné-Bissau existe "instabilidade política", Moçambique vive "a ameaça terrorista em Cabo Delgado", já Angola carece de segurança alimentar, fruto da recessão económica que data já de 2014, assinalou.

Um cenário que o leva a concluir que "a segurança é estruturante para qualquer tipo de desenvolvimento" e que esta "problemática (...) no continente africano põe em causa" a cooperação sinolusófona.

O académico sustentou igualmente que China e Angola têm de mudar o modelo de relações económicas, afirmando que "é preciso alterar a configuração das relações entre a China e o Estado angolano", de forma a permitir a criação de unidades de fabrico, mais emprego e um maior volume de negócios, bem como a transferência de conhecimento.

Contudo, o docente avisou que, para que isso aconteça, "o Estado angolano tem de mudar o ambiente de negócios", mais propício ao investimento estrangeiro.

As declarações do docente angolano foram realizadas no "Fórum dos Think Tanks entre a China e os Países de Língua Portuguesa: Com base na plataforma de Macau, impulsiona-se uma cooperação mais estreita entre a China e os Países Lusófonos nesta Era Nova".

O fórum foi marcado pela discussão de dois sub-temas: "As iniciativas relacionadas com o desenvolvimento e a segurança no mundo e o futuro da cooperação entre a China e os países de língua portuguesa" e o "Papel de Macau na cooperação entre a China e os países de língua portuguesa".

O evento, que teve lugar no Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, foi organizado pelo Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China na Região Administrativa Especial de Macau e pelo Governo da Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da China, com a Universidade Politécnica de Macau.

Leia Também: União Africana deve decidir "que país produz o quê" para combater a fome

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