Fidel Ramírez, segundo a imprensa local, médico gastroenterologista, foi detido em Caracas, na quarta-feira, por funcionários da Direção-geral de Contrainteligência Militar (DGCIM, serviços de informação militar), e levado para a sede daquele organismo onde alegadamente "teria sido vítima de maus-tratos".
Segundo o diário "Tal & Cual" os familiares de Fidel Ramírez afirmam que "a detenção faz parte de uma retaliação para obrigar irmão", o ex-ministro de Energia e Petróleo, Rafael Ramírez, "a pôr de lado as suas aspirações presidenciais", na Venezuela, nas eleições para Presidente da República que deverão ocorrer em 2024.
Entretanto, a advogada e ativista dos Direitos Humanos, Tamara Suju, alertou, através da sua conta na rede social Twitter que outros familiares de Rafael Ramírez poderão ser detidos proximamente.
Esta é a segunda vez que Fidel Ramírez é detido. A primeira vez teve lugar em 2018, depois de ser acusado de participar num esquema para desviar para uma conta bancária em Andorra 2.000 milhões de dólares da PDVSA, quando o seu irmão presidia à empresa petrolífera estatal.
Fidel Ramírez, que segundo a imprensa venezuelana terá sido médico do falecido líder socialista Hugo Chávez (presidiu a Venezuela entre 1999 e 2013) era suspeito de faturar serviços médicos fraudulentos à PDVSA.
Em 01 de setembro, o Ministério Público da Venezuela anunciou que tinha emitido ordens de detenção contra o ex-ministro da Energia e Petróleo Rafael Ramírez e outras sete pessoas acusadas de corrupção na PDVSA.
"Solicitou-se um mandado de captura para Rafael Ramírez Carreño, Juan Andrés Wallis Brandt, Víctor Aular Blanco (já detido), Luís Oberto Anselmi, Ignacio Oberto Anselmi, Nervis Villalobos Cárdenas, Abraham Ortega Morales e Leopoldo Alejandro Betancourt López", anunciou o Procurador-Geral da Venezuela.
Tarek William Saab anunciou ainda, durante uma conferência de imprensa em Caracas, que foram ordenadas nove rusgas "a propriedades destes criminosos".
"Adicionalmente, foram também solicitadas medidas de proibição de alienação e de bloqueio e imobilização de contas e outros instrumentos financeiros e a apreensão de bens", explicou.
Tarek William Saab precisou que interrogou o já detido Víctor Aular Blanco, que "confirmou a totalidade da responsabilidade intelectual e material do fugitivo Rafael Ramírez" numa operação de corrupção contra a PDVSA.
Em 30 de agosto o Governo venezuelano acusou o ex-ministro Rafael Ramírez de liderar uma operação fraudulenta que comprometeu o património da estatal Petróleos da Venezuela SA (PDVSA) em 4.850 milhões de dólares (4.844 milhões de euros).
"Foi uma megaoperação de roubo contra a PDVSA. Num ano a PDVSA pagou 4.850.000.000 de dólares por um financiamento em bolívares que nunca existiu. Temos todos os recibos certificados de transferência", denunciou o atual ministro de Petróleo da Venezuela, Tarek El Aissami.
Radicado em Itália, o ex-ministro Rafael Ramírez usou as redes sociais para alertar que o Governo do Presidente, Nicolás Maduro, preparava "outro falso positivo" contra si.
"Aviso-os de que o Governo está a preparar outro 'pote' contra mim (...) Será interessante porque vou explicar a todo o país como os filhos de Cília Flores [mulher do Presidente da República] desfalcaram a PDVSA", escreveu Ramírez na sua conta do Twitter.
Ramírez explicou que Tarek El Aissami "é procurado e está sancionado pela Justiça internacional por graves delitos, incluindo o narcotráfico" o que "tira toda a legitimidade às suas acusações".
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