"Não tenham dúvidas, estamos em condições de fazer esta luta por cada pedaço territorial da nossa província", declarou Mety Gondola, em entrevista à Lusa.
Em causa estão ataques registados nas últimas semanas no extremo norte da província de Nampula, incursões armadas cuja autoria é atribuída aos rebeldes que têm aterrorizado, desde 2017, Cabo Delgado, província vizinha localizada na margem norte do rio Lúrio.
As incursões destes grupos, que terão atravessado para a margem sul, tiveram como principais alvos os distritos de Eráti e Memba, destruindo infraestruturas e deixado um número até agora desconhecido de óbitos, incluindo uma freira italiana assassinada durante um ataque à missão católica em Chipende.
De acordo com dados preliminares avançados pelo secretário de Estado de Nampula, só no distrito de Eráti, as novas incursões provocaram perto de 10 mil deslocados.
Mety Gondola diz que as tropas se desdobram em "ações intensivas" no terreno, na ambição de evitar que o conflito cresça.
"Já há muito tempo que os terroristas procuram formas de desestabilizar a província de Nampula e só não conseguem porque as nossas Forças de Defesa e Segurança têm estado a trabalhar intensivamente", frisou Mety Gondola.
Desde o início do conflito armado em Cabo Delgado, a província de Nampula foi sempre apontada como um dos pontos em que os insurgentes "recrutam" jovens para reforçar as suas fileiras, havendo registos frequentes de episódios em que as autoridades desmantelam redes dos grupos rebeldes na província.
Mety Gondola diz que solução para travar os recrutamentos está no desenvolvimento das comunidades, dando atenção à juventude vulnerável.
"Queremos encontrar um quadro geral para o desenvolvimento que encontre oportunidades para todos, mas sobretudo para os grupos mais vulneráveis", declarou Mety Gondola.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por violência armada, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde há um ano por forças do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas levando a uma nova onda de ataques noutras áreas, mais perto de Pemba, capital provincial, e na província de Nampula.
Há cerca de 800 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
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