Mais de dois anos depois do homicídio de George Floyd, o afroamericano que se tornou num símbolo em todo o mundo pela luta contra o racismo e a violência policial, o processo continua e, esta quarta-feira, o antigo polícia Thomas Lane foi condenado a três anos de prisão pelo seu envolvimento na morte de Floyd.
Lane, antigo polícia no corpo policial de Minneapolis, no estado norte-americano do Minnesota, confessou-se culpado a um crime de homicídio culposo em segundo grau. Durante a detenção que resultou na morte de Floyd, Thomas Lane segurou nas pernas da vítima, enquanto Derek Chauvin, o principal condenado no processo, sufocou Floyd com o joelho durante mais de nove minutos.
Floyd acabaria por morrer asfixiado devido à ação policial, a 25 de maio de 2020. A polícia deteve o homem, depois deste ter sido alvo de uma denúncia por um comerciante, que o acusou de usar uma nota falsa para pagar um maço de cigarros.
Os outros dois polícias envolvidos no caso, J. Alexander Kueng e Tao Thao, foram condenados em julho por duas acusações de violação de direitos civis. Durante a ação policial que matou Floyd, Lane perguntou duas vezes à vítima que se virasse de lado, mas disse-o enquanto o manteve virado de barriga para baixo.
A audiência na qual foi Lane foi acusado ocorreu através de videochamada, já que o antigo polícia está a servir uma sentença de 30 meses numa prisão no estado do Colorado, também por violar os direitos civis de Floyd, desde agosto.
O advogado de Lane negociou a sentença, mediante a admissão de culpa, e, em troca, foi arquivada acusação de homicídio em segundo grau. Parte da admissão de culpa deveu-se ao facto do polícia, afirmou o advogado, citado pela NBC News, ter um recém-nascido e "não quer correr o risco de não fazer parte da vida da criança". Se Lane não confessasse e fosse acusado de um crime de homicídio em segundo grau, arriscaria uma pena de 12 anos.
De recordar que o seu colega, Derek Chauvin, vai cumprir mais de 40 anos de prisão por ter violado os direitos civis de George Floyd e por um crime de homicídio.
O juiz que condenou o polícia, Peter Cahill, disse a Lane durante a audiência que a decisão de assumir o crime de homicídio culposo foi "sensata" para seguir em frente com a sua vida.
A morte de George Floyd desencadeou novos protestos no âmbito do movimento Black Lives Matter, e as suas palavras de desespero, dizendo que não conseguia respirar ('I can't breathe', em inglês), tornaram-se um 'hino' da luta pela justiça racial. Por todo o mundo, milhões de pessoas saíram à rua para pedir reformas policiais e, no tema do racismo, o seu homicídio também despertou alertas sobre a forma como vários países e instituições abordam o racismo e as reparações históricas pelo colonialismo e escravatura de pessoas negras.
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