Cerca de 700 pessoas foram detidas, este sábado, na sequência de protestos contra a mobilização militar parcial, anunciada, na quarta-feira, pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin. A informação é avançada pela OVD-Info, uma organização não governamental (ONG) de direitos humanos russa.
"Às 18h51, hora de Moscovo, mais de 689 pessoas já tinham sido detidas em 30 cidades”, disse a ONG, citada pela agência de notícias espanhola Efe.
O maior número de detenções registou-se na capital, Moscovo, onde até às 16h51 de Lisboa já tinham sido detidas 345 pessoas.
Na capital russa, as autoridades mobilizaram um vasto dispositivo policial que atuou preventivamente e deteve várias pessoas que passavam pelo local onde estava previsto decorrer a manifestação.
"Por que me levam? Vou para a estação de metro", disse uma jovem aos polícias que a escoltavam para uma carrinha policial, obtendo como resposta: "Vamos, senão vai ser pior!"
Na rede social Twitter, a OVD-Info revelou que a polícia está a retirar os telemóveis e passaportes de alguns detidos e a desligar os de outros.
Em São Petersburgo, a segunda maior cidade da Rússia, 129 pessoas foram detidas e a polícia está a recorrer a armas e bastões para dispersar a população.
В Москве у задержанных отбирают паспорта и телефоны. Об этом ОВД-Инфо сообщают задержанные в отделах по районам Коньково, Лефортово и Кузьминки.
— ОВД-Инфо (@OvdInfo) September 24, 2022
У некоторых телефоны не забирают, но требуют их выключитьhttps://t.co/X2Atrk5Gqe
Esta é a segunda vez que a população russa sai à rua para manifestar contra a mobilização parcial de reservistas para combater na Ucrânia. No dia do anúncio, pelo menos 1.400 pessoas foram detidas.
No primeiro discurso à nação desde a invasão da Ucrânia, Vladimir Putin anunciou a “mobilização parcial” e garantiu que "apenas os cidadãos que se encontram atualmente na reserva e, sobretudo, aqueles que serviram nas Forças Armadas, têm certas especialidades militares e experiência relevante, serão sujeitos a alistamento".
O conflito entre a Ucrânia e a Rússia começou com o objetivo, segundo Vladimir Putin, de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia. A operação foi condenada pela generalidade da comunidade internacional.
A ONU confirmou que cerca de 5.900 civis morreram e oito mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
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