"A declaração de anexação à Federação da Rússia de quatro regiões ucranianas, após os simulacros de referendo que se realizaram sob uma violenta ocupação militar, não tem qualquer valor jurídico ou político", declarou Meloni num comunicado.
O Presidente russo, Vladimir "Putin demonstra mais uma vez a sua visão neoimperialista de caráter soviético que ameaça a segurança do continente europeu na sua totalidade", prosseguiu a líder do partido "pós-fascista" Irmãos de Itália (FdI), que venceu, com os seus parceiros de coligação Liga (extrema-direita) e Força Itália (conservador) as eleições legislativas antecipadas de 25 de setembro em Itália.
"Esta nova violação por parte da Rússia das normas de coexistência entre as nações confirma a necessidade de unidade das democracias ocidentais", concluiu Giorgia Meloni.
Meloni deverá suceder nas próximas semanas como chefe do executivo a Mario Draghi, que expressou o seu firme apoio à Ucrânia, também através do envio de armamento e da imposição de sanções à Rússia desde o início da guerra, há cerca de sete meses.
Apesar de Giorgia Meloni ser bastante eurocética, ela apoiou a política de Draghi em relação à Ucrânia, ao passo que os seus futuros aliados no Governo, o dirigente da Liga, Matteo Salvini, e o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi mantêm há muito tempo relações próximas com Moscovo.
Putin assinou hoje os tratados de anexação de quatro regiões ucranianas ocupadas que correspondem a cerca de 15% do território da Ucrânia - Donetsk e Lugansk (que já reconhecera como repúblicas independentes pouco antes de invadir a Ucrânia), Kherson e Zaporijia (onde se situa a maior central nuclear da Europa) -- sem contar com o reconhecimento internacional.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,5 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada por Putin com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 219.º dia, 5.996 civis mortos e 8.848 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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