"Isso parece ser uma farsa", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, na sua conferência de imprensa diária, referindo-se aos números publicados pela edição russa da revista norte-americana Forbes.
"Não me parece que essas notícias devam ser levadas a sério", adiantou o porta-voz, que assegurou que o número de pessoas que deixaram o país após o anúncio da mobilização "está longe" de ser tão alto como a imprensa sugere.
Na semana passada, Putin ordenou que todos os homens mobilizados por engano fossem mandados para casa, face aos crescentes protestos e alegações de arbitrariedade contra os responsáveis dos postos de alistamento.
Na terça-feira, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, afirmou que, desde 21 de setembro, mais de 200.000 cidadãos juntaram-se às fileiras, de um total de 300.000 reservistas que devem ser mobilizados.
As autoridades do Cazaquistão referiram, por sua vez, que mais de 200.000 russos entraram no país da Ásia Central após a declaração de mobilização parcial na Rússia.
No mesmo dia em que foi anunciada a mobilização parcial, uma petição contra a decisão angariou quase 180 mil assinaturas, enquanto decorria uma verdadeira corrida para compra de bilhetes de avião com destino aos países vizinhos da Rússia.
Os voos ficaram rapidamente cheios e os preços dos bilhetes para as restantes ligações aéreas dispararam, aparentemente impulsionados pelo receio de que as fronteiras da Rússia pudessem ser fechadas ou de que fosse anunciada uma convocação mais abrangente para as linhas da frente do conflito em curso na Ucrânia, desencadeado pela ofensiva russa que teve início em 24 de fevereiro.
Também as fronteiras terrestres foram rapidamente procuradas, instalando-se filas de vários quilómetros de carros para sair da Rússia.
Na Finlândia, o número de pessoas provenientes da Rússia para tentar passar a fronteira quase duplicou nos dias a seguir ao anúncio da mobilização, tendo Helsínquia acabado por decidir bloquear a entrada a turistas russos.
Também a Polónia e os três Estados bálticos - Estónia, Letónia e Lituânia - que fazem fronteira com a Rússia, tomaram medidas semelhantes, restringindo ao máximo a entrada de cidadãos russos.
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