Giorgia Meloni, de infância difícil à chefia de um Governo
A líder dos Irmãos de Itália (FdI), partido mais votado nas eleições de domingo, Giorgia Meloni, vai assumir a liderança de um governo de coligação de direita, tornando-se a primeira mulher a ocupar este cargo em Itália.
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Mundo Itália
Nascida em 15 de janeiro de 1977 em Roma, a líder dos FdI teve um início de vida difícil. A sua mãe, Anna, teve que criá-la sozinha, juntamente com a irmã mais velha Arianna, depois de o pai as ter abandonado e partido para as Ilhas Canárias.
A sua mãe conseguiu vender o que restava da casa em que moravam e mudaram-se para o bairro operário de Garbatella, onde entrou em contacto com a política, à qual dedicaria a sua vida.
A líder dos FdI vive com o jornalista Andrea Giambruno, e com filha de ambos, Ginevra.
Aos 15 anos, em 1992, Giorgia Meloni decidiu entrar para a Frente da Juventude, uma organização do antigo Movimento Social Italiano (MSI), partido neofascista fundado em 1946 por seguidores do falecido ditador Benito Mussolini.
Na juventude, Giorgia Meloni era admiradora confessa de Mussolini, que governou a Itália entre 1922 a 1943, num governo que apoiou a Alemanha nazi durante a II Guerra Mundial.
Em 1996, tornou-se responsável pelo movimento estudantil do partido Aliança Nacional (AN), o novo rosto do MSI. Num programa do canal de televisão France 3, declarou: "Mussolini foi um bom político, tudo o que fez, fez pela Itália".
No seu percurso político, foi eleita conselheira da província de Roma pelo AN, liderado por Gianfranco Fini, em 1998 e, posteriormente, Meloni foi nomeada em 2004 presidente da Ação Jovem, a secção juvenil da AN, e tornou-se a primeira mulher presidente de uma organização juvenil de direita.
A sua ascensão foi meteórica e em 2006, aos 29 anos, foi eleita pelo AN para a Câmara dos Deputados, na qual foi vice-presidente até 2008, quando foi nomeada Ministra da Juventude no governo do primeiro-ministro Silvio Berlusconi.
Em 2012, fundou o Irmãos da Itália, partido considerado como o novo herdeiro do MSI, e manteve Sílvio Berlusconi como aliado, aproximando-se também da Liga, partido de Matteo Salvini, nas eleições de 2013.
Em 2014, Giorgia Meloni torna-se presidente do FdI.
No ano de 2016, tentou ser autarca de Roma, sem sucesso, mas ganhou grande popularidade ao fazer campanha durante a gravidez. Já em 2018, nas eleições gerais, obteve 4,3% dos votos e o FdI tornou-se o quinto partido do país.
O FdI foi em 2021 o único partido de oposição ao Governo de Unidade Nacional do primeiro-ministro cessante, Mario Draghi.
Giorgia Meloni considera importante uma Europa voltada para os valores cristãos. Apoia a "família natural", é muito crítica da ideologia de género, mostra-se contrária ao que classifica do 'lobby gay', condena o aborto, deseja maior segurança das fronteiras europeias, é contra a migração em massa e contra a violência islâmica.
A líder dos FdI é próxima de partidos extrema-direita europeus, como o espanhol Vox, e é admiradora do Presidente da Hungria, o ultraconservador Victor Órban.
Em 10 de agosto, em plena campanha eleitoral, Meloni publicou um vídeo em inglês, francês e espanhol para se distanciar do fascismo.
"A direita italiana relegou o fascismo à História há décadas, condenando inequivocamente a privação da democracia e as infames leis antijudaicas. E, obviamente, também é inequívoca a nossa condenação do regime nazi e do comunismo", declarou.
Meloni foi hoje encarregada pelo Presidente, Sergio Mattarella, de formar governo em Itália, anunciou o secretário-geral da presidência.
A líder dos FdI assumiu a responsabilidade, tornando-se na primeira mulher a ser chamada para o cargo na história do país e apresenta ainda hoje a composição do seu governo, que deverá tomar posse no sábado de manhã (08:00 TMG) no Palácio do Quirinal.
Os FdI obtiveram nas eleições de setembro 26 por cento dos votos.
A Liga, de Matteo Salvini, conseguiu 8,8% dos votos (contra 13% em 2018), e a Força Itália, do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, 8,1% (14% em 2018), de acordo com os números do Ministério do Interior, citados pela agência francesa AFP.
A coligação destes três partidos e de uma formação mais pequena com menos de 01% obteve 43,8% dos votos, traduzindo-se em 237 dos 400 lugares na Câmara dos Deputados, e em 115 dos 200 lugares no Senado.
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