A Rússia tem acusado desde domingo Kyiv de ter um alegado plano para usar na Ucrânia uma bomba convencional com material radioativo para desencadear uma resposta dos aliados ocidentais contra Moscovo.
"Os planos da Ucrânia de utilizar a chamada 'bomba suja' para uma provocação são também conhecidos", disse Putin durante uma reunião dos chefes dos organismos de segurança da Comunidade de Estados Independentes (CEI), a que presidiu por videoconferência, citado pela agência espanhola EFE.
Putin disse também que o Ocidente continua a fornecer armas à Ucrânia e "ignora as declarações de Kyiv sobre a sua intenção de adquirir uma arma nuclear".
Segundo o líder russo, a Ucrânia "perdeu a sua soberania 'de facto'" e é "governada diretamente pelos Estados Unidos", que a utilizam como um "aríete contra a Rússia".
Putin disse ainda que os Estados Unidos transformaram o território ucraniano num "campo de ensaio para experiências biológicas e militares".
O Kremlin (Presidência russa) garantiu hoje que prosseguirá os seus esforços diplomáticos para alertar a comunidade internacional para a possível utilização de uma "bomba suja" pela Ucrânia, alegando que a ameaça persiste.
"Temos informações que provam que existe uma ameaça de utilização de uma 'bomba suja' pela Ucrânia. Temos informações de que a Ucrânia está a preparar-se para tal sabotagem terrorista", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
O ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu falou, nos últimos dias, ao telefone com os seus homólogos de vários países, incluindo Estados, Unidos, França, Reino Unido, Turquia e China, sobre o alegado plano ucraniano.
A Ucrânia negou repetidamente as acusações russas e solicitou uma visita de peritos da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) para esclarecer quaisquer dúvidas.
A agência nuclear da ONU confirmou, na segunda-feira, que enviaria uma missão de inspetores a duas instalações nucleares ucranianas, embora a data da sua chegada ao país ainda não seja conhecida.
A pedido de Moscovo, o Conselho de Segurança da ONU debateu a questão na terça-feira, à porta fechada, com os países ocidentais a denunciarem uma campanha de desinformação por parte da Rússia.
"São alegações falsas. Desinformação como a que vimos antes. Não foi apresentada nenhuma prova. A Ucrânia tem sido clara de que não tem nada a esconder e inspetores da Organização Internacional de Energia Atómica [OIEA] estão a caminho", disse o embaixador britânico junto da ONU, James Kariuki, no final da reunião.
As acusações russas surgiram numa altura em que a Ucrânia tem em curso uma contraofensiva que lhe permitiu reconquistar territórios controlados pela Rússia, incluindo em regiões anexadas por Moscovo.
Além da Rússia, integram a CEI Arménia, Azerbaijão, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão, Moldova, Tajiquistão, Turquemenistão e Uzbequistão, que fizeram parte da antiga União Soviética.
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