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EUA. Republicanos conspiracionistas apresentam-se na Costa Leste

O legado do ex-presidente norte-americano Donald Trump é evidente num vasto leque de candidatos extremistas republicanos às eleições intercalares de 08 de novembro, com discursos antiaborto e de defesa do ataque ao Capitólio a dominarem as campanhas.

EUA. Republicanos conspiracionistas apresentam-se na Costa Leste
Notícias ao Minuto

09:36 - 30/10/22 por Lusa

Mundo Eleições nos EUA

Essa retórica extremista tem sido aproveitada por candidatos democratas que, segundo o jornal The Washington Post, já gastaram cerca de 19 milhões de dólares (aproximadamente o mesmo valor em euros) em oito estados de forma a colocar em destaque -- pela negativa - os candidatos republicanos de extrema-direita que questionaram ou negaram a validade das eleições de 2020.

A estratégia passa por sublinhar que um republicano de extrema-direita é muito conservador para um determinado estado ou distrito, chamando a atenção para as visões ultraconservadores desse candidato sobre o aborto, armas, democracia ou as suas ligações a Trump.

Eis uma lista de candidatos extremistas republicanos na Costa Leste norte-americana:

Marjorie Taylor Greene: concorre à reeleição para a Câmara dos Representantes pelo 14.º Distrito da Geórgia.

A autodenominada "nacionalista cristã" de 48 anos é, atualmente, um dos nomes mais extremistas do Partido Republicano e foi rotulada de "futura estrela republicana" por Donald Trump, cujo estilo político ela imita.

Em fevereiro de 2021, Greene perdeu os seus assentos nos comités da Câmara por ter apoiado a teoria da conspiração QAnon e espalhado desinformação perigosa nas redes sociais.

Contudo, ao invés de ser condenada ao esquecimento político, Greene passou de pária dentro do partido para a uma posição de inegável influência ao longo dos últimos dois anos.

A republicada, uma confessa apoiante de Trump e das suas políticas, acumula polémicas e declarações incendiárias.

Sobre as presidenciais de 2020, Marjorie Taylor Greene afirmou que "foi extremamente solitário assistir à certificação dos votos do Colégio Eleitoral para Joe Biden e Kamala Harris, mesmo sabendo que a eleição foi roubada".

Num recente comício afirmou que "os democratas querem os republicanos mortos, e eles já começaram os assassínios". Contudo, poucos líderes republicanos ousam repreender pública ou privadamente a linguagem que usa.

Tal como uma grande parcela dos extremistas, Marjorie Taylor Greene espalhou desinformação sobre a covid-19 durante a pandemia, o que levou o Facebook a suspender a conta da republicana.

Doug Mastriano: candidato a governador da Pensilvânia

O republicano tem visões extremistas e, ao contrário de outros candidatos, não suavizou minimamente as suas posições com o aproximar da eleição.

Sem surpresa, Mastriano, um coronel aposentado do Exército apoiado por Trump, é um entusiasta da teoria de que a eleição presidencial de 2020 foi roubada ao magnata republicano. Se vencer a corrida para governador, Mastriano afirmou que escolherá quem certifica -- ou não -- os resultados eleitorais.

Enquanto senador estadual na Pensilvânia, o ex-militar de extrema-direita disse que as mulheres que violaram a sua proposta de proibição de aborto de seis semanas deveriam ser acusadas de homicídio.

A essas declarações juntam-se ataques frequentes a transexuais e chegou a dizer que o casamento entre homossexuais deveria ser ilegal e que casais do mesmo sexo não deveriam ter permissão para adotar crianças.

The acordo com o jornal The Guardian, Mastriano foi um dos principais orquestradores da tentativa de derrubar a eleição presidencial de 2020, tendo investido milhares de dólares alugando autocarros para Washington DC no fatídico 06 de janeiro de 2021. Imagens captadas mostram o candidato no meio da multidão enquanto apoiantes de Trump invadiam o Capitólio.

Mastriano considerou ainda um "mito" a separação entre a Igreja e o Estado.

Karoline Leavitt: concorre à Câmara dos Representantes pelo 1.º Distrito de New Hampshire.

Considerada como "ultra-MAGA", numa referência ao icónico 'slogan' de campanha de Donald Trump 'Make America Great Again' [Tornar a América Grande de Novo], Karoline Leavitt, de apenas 25 anos, é uma ex-funcionária de Trump na Casa Branca, onde integrou o gabinete de imprensa do líder republicano.

A jovem abraçou inteiramente a teoria infundada de que Trump venceu as eleições de 2020 e é já considerada por republicanos como uma estrela em ascensão no partido.

"A eleição de 2020 foi, sem dúvida, roubada do Presidente Trump", disse Leavitt, em setembro.

Apesar de ter condenado a violência no Capitólio, a republicana diz não acreditar que Trump tenha incitado a multidão que entrou à força no edifício, apesar de o Comité que investiga os ataques ter "provas esmagadoras" de que o ex-presidente foi o principal instigador do grave motim.

Leavitt também se opõe ao aborto, ao controlo de armas e defende a proteção das fronteiras contra a imigração ilegal.

Sobre as alterações climáticas, a jovem diz que tudo não passa de uma "suposta crise fabricada pelo Partido Democrata".

Caso vença o democrata Chris Pappas em novembro, Leavitt será a mulher mais jovem já eleita para o Congresso.

Sandy Smith: Concorre à Câmara dos Representantes pelo 1.º Distrito da Carolina do Norte.

A republicana autodenomina-se conservadora cristã e admitiu orgulhosamente ter marchado no Capitólio em 06 de janeiro de 2021, ecoando as falsas alegações de que a eleição presidencial de 2020 foi roubada.

Smith indicou ainda na rede social Twitter que "quer a execução" daqueles que roubaram a eleição de Donald Trump.

A candidata defende a proibição total do aborto sem exceções, nem mesmo para salvar a vida da mãe, e descreveu a interrupção da gravidez como um "homicídio premeditado".

No seu 'site' de campanha apresenta-se como "pró-vida, pró-armas, pró-militar, amante da liberdade e lutadora pró-Trump".

As suas posições em defesa de Donald Trump valeram-lhe o apoio público do ex-chefe de Estado.

JR Majewski: Concorre à Câmara dos Representantes pelo 9.º Distrito de Ohio.

Majewski, um veterano da Força Aérea apoiado por Trump, esteve presente nas manifestações em frente ao Capitólio em 06 de janeiro 2021, expressou simpatia pela conspiração QAnon, gerada na internet, e defendeu que a eleição de 2020 foi roubada de Donald Trump.

Nesse sentido, o candidato instou os estados que votaram em Trump a separarem-se do resto do país.

"JR Majewski será um congressista fantástico. Ele tem o meu apoio total", disse Trump.

Contudo, a candidatura de Majewski tem sido ensombrada por acusações de que mentiu sobre o seu serviço militar.

Na sua campanha, JR Majewski tem-se apresentado como um veterano de combate da Força Aérea que foi enviado ao Afeganistão após os ataques terroristas de 11 de setembro, descrevendo as condições "difíceis" no local, incluindo a falta de água corrente que o forçou a ficar mais de 40 dias sem tomar banho.

Contudo, documentos militares obtidos pela agência Associated Press indicam que Majewski nunca foi enviado ao Afeganistão, entre outras incongruências no seu currículo, o que minou a confiança do partido na sua candidatura.

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