Justiça ordena intervenção da polícia nos protestos pró-Bolsonaro
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral ordenou à Policia Rodoviária ações imediatas para desobstruir os bloqueios de estradas em vários pontos do país, num protesto de camionistas apoiantes do chefe de Estado, derrotado nas eleições presidenciais.
© Lusa
Mundo Brasil/Eleições
Em resposta a um pedido da Confederação Nacional dos Transportes e do vice-procurador geral eleitoral, Alexandre de Moraes, disse ainda que, caso não tome providências, o diretor da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, apoiante do Presidente Jair Bolsonaro, terá uma multa de 100 mil reais por hora (cerca de 20 mil euros) a partir das 00h00 (03h00 em Lisboa), podendo mesmo ser detido e afastado do cargo por desobediência.
Entretanto, o ministro da Justiça brasileiro, Anderson Torres, indicou ter determinado "um reforço de efetivo e de meios de apoio, a todas as ações possíveis para normalização do fluxo nas rodovias, com a brevidade que a situação requer".
Bloqueios e interdições de estradas estão a afetar pelo menos 25 dos 27 estados do país.
A Esplanada dos Ministérios em Brasília, espaço que concentra as sedes dos três poderes do Brasil, encontra-se encerrada de forma a impedir a invasão de camionistas apoiantes de Jair Bolsonaro, que estão em protesto pelo resultado das eleições.
Os manifestantes, que bloquearam as estradas com camiões ou queimaram pneus, protestaram contra a vitória eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva e alguns pediram "uma intervenção" das forças armadas em defesa de Bolsonaro.
A Polícia Rodoviária já tinha sido acusado pela campanha de Lula da Silva de ter promovido, no domingo, operações stop, principalmente no interior da região do Nordeste, bastião de Lula, para impedir eleitores de votar.
Eesponsável por assegurar a livre circulação nas estradas, a Polícia Rodoviária Federal não tomou até agora qualquer medida para remover os camiões e alegou estar à espera que a Procuradoria-Geral do Governo peça aos tribunais uma ordem para remover os manifestantes.
Este protesto, inorgânico e sem líder, já foi condenado por proeminentes apoiantes de Bolsonaro ligados ao agronegócio e à industria de transportes, como a Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA).
Entre as estradas bloqueadas encontrava-se a Via Dutra, estrada que liga o Rio de Janeiro a São Paulo e a que regista maior volume de tráfego no Brasil.
A presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, responsabilizou o chefe de Estado brasileiro e acusou Bolsonaro de orientar "o caos no país".
O chefe de Estado e candidato derrotado, Jair Bolsonaro, ainda não telefonou a Lula da Silva para o felicitar e está há mais de 24 horas sem fazer qualquer declaração pública desde o anúncio do resultado das presidenciais de domingo.
Bolsonaro esteve reunido, na segunda-feira, no Palácio do Planalto, com vários ministros, mas até agora ainda não lançou qualquer informação sobre quando falará sobre as eleições presidenciais.
Com 100% dos votos contados, Luiz Inácio Lula da Silva venceu as presidenciais de domingo por uma margem estreita, recebendo 50,9% dos votos, contra 49,1% para Jair Bolsonaro, que procurava obter um novo mandato de quatro anos.
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