"O terror não se vence apenas com soldados e armas, há que ganhar a paz e em paralelo com o apoio à segurança [em Cabo Delgado], trabalhamos de perto com o Governo moçambicano no desenvolvimento social e económico, assistência humanitária, educação, nutrição, abastecimento de água e mitigação do impacto das mudanças climáticas", afirmou Nicola Bellomo.
Bellomo falava sobre o tema "O combate ao terrorismo na África subsariana", no âmbito da 42.ª Sessão da Assembleia Parlamentar Paritária ACP-UE, que decorre em Maputo.
"Enquanto as medidas de segurança continuam críticas para a contenção da ameaça terrorista, tornou-se evidente que não há quantidade de força que vai mudar fundamentalmente o panorama do terrorismo em África", afirmou.
O sucesso da luta contra o terrorismo, prosseguiu, passa pela remoção das causas aproveitadas pelo extremismo violento para a expansão das suas atividades no continente africano.
Nesse sentido, defendeu a proteção da juventude face ao risco de radicalização e recrutamento por grupos armados.
Nicolas Bellomo apontou ainda a boa governação, respeito pelos direitos humanos e políticas de integração comunitária como essenciais no combate ao terrorismo.
Bellomo enfatizou que o radicalismo exige cooperação internacional, dada a mobilidade das células terroristas e o caráter transnacional do seu financiamento.
Um dos exemplos de sucesso no combate ao extremismo, continuou, é a cooperação entre as forças governamentais moçambicanas, do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) em Cabo Delgado.
Essa coordenação permitiu que Moçambique regista-se uma das maiores reduções de mortes pela ação de grupos armados no mundo, acrescentou.
A província de Cabo Delgado tem sido aterrorizada desde 2017 por violência armada, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde há um ano com apoio do Ruanda e da SADC, libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.
Em cinco anos, o conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
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