"Entregámos o pedido do Presidente Lula designando-nos como coordenadores da transição", disse Geraldo Alckmin, em conferência de imprensa, após a reunião com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, escolhido por Jair Bolsonaro como coordenador do processo de transição, e com o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos.
Ao lado da Presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, e do ex-ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou que "a conversa foi bastante proveitosa, muito objetiva".
"A transição já começou", garantiu.
De forma a estarem preparados para a tomada de posse do Presidente eleito, estas reuniões de transição terão o "objetivo da transparência, objetivo do planeamento, o objetivo de continuidade dos serviços prestados à população" para que a equipa de Lula da Silva possa "ter todas as informações" e possa "dar continuidade aos serviços", frisou.
Geraldo Alckmin acrescentou ainda que o ministro da Secretaria Geral da Presidência "cumprimentou, deu os parabéns e desejou um ótimo trabalho e colocou-se à disposição nesse período de transição".
Dá-se assim o início da transição após o impasse causado por Jair Bolsonaro, que, apesar de não ter felicitado Lula da Silva pela vitória e de ter criticado a justiça eleitoral, disse que iria respeitar a Constituição.
Na quarta-feira, o Presidente brasileiro procurou acalmar os ânimos e apelou aos manifestantes que o apoiam para pararem de bloquear estradas pelo país, uma ação que se iniciou na madrugada de segunda-feira por considerarem que os resultados das eleições presidenciais tinham sido fraudulentos.
"Eu quero fazer um apelo a você, desobstrua as rodovias. Isso daí não faz parte, no meu entender, dessas manifestações legítimas. Não vamos perder nós aqui a nossa legitimidade", disse Bolsonaro, num vídeo gravado e partilhado nas redes sociais.
"Vamos desobstruí-las para o bem da nossa nação e para que possamos continuar lutando por democracia e por liberdade", frisou.
Estas declarações parecem ter dado frutos já que na segunda-feira, o número de estradas obstruídas era superior a 300 em 24 estados - devido à inação inicial da Polícia Rodoviária, que tem como diretor um bolsonarista assumido - e agora estão agora presentes em apenas sete estados do país em pouco mais de 70 estradas.
Com 100% dos votos contados, Luiz Inácio Lula da Silva ganhou as eleições presidenciais de domingo por uma margem estreita, recebendo 50,9% dos votos, contra 49,1% para Jair Bolsonaro, que procurava um novo mandato de quatro anos.
Lula da Silva assumirá novamente a Presidência do Brasil em 01 de janeiro de 2023 para um terceiro mandato, após ter governado o país entre 2003 e 2010.
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