A AIEA, sediada em Viena, publicou dois relatórios em que conclui que o Irão, pela primeira vez em meses, abrandou o ritmo da produção de urânio enriquecido, mas que ainda não respondeu às preocupações levantadas pela agência.
"Preocupa-nos que não tenha havido progressos nas explicações do Irão. O Irão tem de responder às perguntas da AIEA, é sua obrigação nos termos do Tratado de Não-Proliferação Nuclear", afirmou hoje o porta-voz do Departamento de Estado Ned Price, numa conferência de imprensa em Washington.
Price escusou-se a comentar a redução de enriquecimento de urânio por parte do Irão, exortando apenas o Governo iraniano a "cooperar com as investigações da AIEA".
O porta-voz manifestou ainda preocupação com a forma como o programa nuclear do Irão "tem progredido" desde 2018, quando o acordo nuclear foi quebrado.
Ned Price referiu-se ainda à "brutal repressão" de Teerão contra os protestos no país na sequência da morte de Mahsa Amini, uma jovem detida por usar indevidamente o véu, enquanto se encontrava sob custódia policial.
O Irão negoceia há meses com a Alemanha, França, Reino Unido, Rússia, China e, indiretamente, com os Estados Unidos a reforma de um acordo assinado em 2015, que limitou o programa nuclear do país em troca do levantamento das sanções e que foi abandonado em 2018 pelo então presidente norte-americano, Donald Trump.
A União Europeia (UE) apresentou um texto final em agosto para reavivar o acordo, mas o Irão colocou como condição para a sua assinatura o encerramento pela AIEA da investigação sobre a descoberta de vestígios de urânio não declarado por Teerão.
A AIEA informou hoje que o Irão, pela primeira vez em meses, abrandou o ritmo de produção de urânio enriquecido e reduziu mesmo as suas reservas deste material, que tem dupla utilização, civil e militar.
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