Shireen Abu Akleh terá sido morta de propósito por militares israelitas

Pessoas próximas da jornalista americano-palestiniana Shireen Abu Akleh afirmaram na quinta-feira a investigadores da ONU que esta foi morta de forma intencional, no quadro da "guerra em grande escala" feita por Israel aos meios de comunicação palestinianos.

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Lusa
11/11/2022 00:01 ‧ 11/11/2022 por Lusa

Mundo

Palestina

O caso desta jornalista da Al Jazeera, morta por bala em 11 de maio quando cobria uma operação militar israelita na Cisjordânia ocupada, equipada com um colete antibalas com a menção 'press' e um capacete, motivou uma rara audição pública na Organização das Nações Unidas (ONU).

"Queremos justiça", declarou Lina Abu Akleh, sobrinha da jornalista morta, à AFP, depois de ter testemunhado perante os investigadores das Nações Unidas em Genebra, momento que classificou de "histórico".

Esta primeira série de audiências, que começou hoje, criticada severamente pelo governo israelita, foi organizada por uma comissão de investigação criada em 2021, para inquirir sobre as causas profundas do conflito israelo-palestiniano.

Dirigindo-se aos investigadores, Lina Abu Akleh insistiu no facto de não ter qualquer dúvida em que os soldados israelitas "visaram deliberadamente a (sua) tia".

Opinião esta partilhada por um antigo colega da jornalista, Ali Sammoudi, produtor da Al Jazeera, que estava presente no momento da morte.

Declarou aos investigadores da ONU que estavam "totalmente identificados como jornalistas" e que não havia militantes palestinianos nas proximidades.

De repente, "ouviu-se uma bala", disse, antes de descrever como aconselhou "Recuar!" e sentiu uma explosão atrás.

É claro, disse enquanto mostrava uma fotografia de Shireen Abu Akleh, que ela "foi morta a sangue-frio, intencionalmente".

O exército israelita admitiu, pela primeira vez em setembro, que havia "uma forte probabilidade" de a jornalista ter sido morta por um dos seus soldados.

Esta admissão tardia não foi uma consolação, declarou Lina Abu Akleh. "Não admitiram totalmente que tinham sido eles. Não nos deram o nome do soldado. (...) Nem querem abrir um inquérito criminal sobre o assunto", disse à AFP.

Acrescentou que nenhum representante das autoridades israelitas tinha contactado a família da jornalista, desde o funeral, em 13 de maio, uma cerimónia marcada por uma carga policial à saída do cortejo fúnebre.

A família reclamou uma investigação independente.

Lina Abu Akleh insistiu no facto de este caso "não Ser um incidente separado". O presidente do Sindicato dos Jornalistas palestiniano (PJS), Nasser Abu Bakr, depôs no mesmo sentido, informando aos investigadores da ONU que cerca de 50 jornalistas palestinianos tinham sido mortos desde 2000 e que "ninguém foi responsabilizado".

Mais disse que "Israel ataca os jornalistas palestinianos no quadro de uma política sistémica, que visa abafar as vozes palestinianas e a reduzi-las ao silêncio".

Acrescentou ainda que "os jornalistas palestinianos são submetidos não apenas a abusos e violações, mas a uma guerra em grande escala pelo Estado ocupante".

É raro que as comissões de investigação da ONU façam audiências públicas. Desta vez, os investigadores quiseram dar provas da maior transparência para melhor responderem a acusações de parcialidade.

Mas as autoridades israelitas, que recusaram cooperar na investigação, continuam muito críticas.

Em particular, acusaram os investigadores de seguirem um "programa anti-israelita" e qualificaram as audiências públicas como "processos fictícios".

Leia Também: EUA apoiam Israel na decisão de não julgar soldado que matou jornalista

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