Ilha do Príncipe isolada de São Tomé por falta de ligação
O governo são-tomense suspendeu a viagem marítima de passageiros entre as ilhas de São Tomé e do Príncipe por falta de segurança do navio, enquanto a ligação aérea está suspensa há mais de uma semana para a manutenção da aeronave.
© Lusa
Mundo São Tomé e Príncipe
"O Príncipe tem problemas e a questão do navio é uma questão de responsabilidade. Os marinheiros, os serviços disseram que podiam ir, mas o podiam quando se trata de vidas humanas nós temos que ter a certeza de que as condições de segurança estão reunidas, por isso nós dissemos que os combustíveis poderão ir, mas não as pessoas", explicou hoje o primeiro-ministro Patrice Trovoada durante uma visita aos serviços dos registos e notariado de São Tomé.
A decisão foi tomada na quarta-feira em sede do Conselho de Ministros que através de comunicado referiu que "o Governo, preocupado primeiramente com as vidas humanas, orientou o ministro da Defesa a interditar a viagem de passageiros enquanto não forem criadas as condições mínimas de segurança para os mesmos".
O primeiro-ministro sublinhou hoje que "há muitos comerciantes" que ficarão em São Tomé com mercadorias, por isso deu instruções para a aquisição destas mercadorias para que os comerciantes não tenham prejuízos financeiros, ao mesmo tempo que encontrará soluções para os doentes.
"É um incómodo, mas encontraremos também maneira de aliviar esta demora aqui", assegurou Patrice Trovoada.
A ligação marítima entre as ilhas de São Tomé e Príncipe dura cerca de oito horas, num percurso onde já se registaram cerca de três naufrágios causando a morte de dezenas de pessoas.
O mais recente naufrágio do navio "Amfitriti", em 2019, com cerca de 64 pessoas e uma carga de 212 toneladas, resultou na morte de 10 pessoas.
A ligação aérea que poderia ser alternativa também se encontra suspensa há cerca de dez dias pela companhia aérea portuguesa Sevenair, alegadamente para a manutenção da aeronave que desde maio faz dois voos diários para 18 passageiros em cada viagem.
O primeiro-ministro disse hoje que o voo deverá ser retomado na sexta-feira.
No entanto, a passagem aérea custa cerca de 8 mil dobras (cerca de 325 euros), num país onde o salário mínimo é de 2.500 dobras (101 euros).
"Durante a minha estadia no Príncipe iremos falar com as autoridades como é que podemos de facto ultrapassar esta situação e a ligação aérea", disse Patrice Trovoada, que viajará hoje para ilha do Príncipe para a cerimónia de posse do Governo Regional, no sábado.
O chefe do governo são-tomense sublinhou que a ilha do Príncipe tem "problemas estruturais que são conhecidos", por isso vai procurar formas de os resolver.
Patrice Trovoada explicou também os cortes de eletricidade que se têm verificado no país, que se devem à racionalização do combustível e manutenção de geradores de energia da Empresa de Água e Eletricidade (Emae).
Na ilha do Príncipe, o fornecimento de eletricidade tem sido de apenas 12 horas por dia, uma situação contestada pelo Governo regional.
"Não é que não exista combustível suficiente em termos de 'stock', há uma decisão da Enco [Empresa Nacional de Combustível e Óleo] de reduzir o combustível que entrega À Emae. É uma questão que nos preocupa e eu até tenho alguma dificuldade em entender, mas vamos entrar no dossiê, a Enco nos comunicou as razões, vamos analisar e veremos", explicou Patrice Trovada.
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