Dez milhões de ucranianos ficaram sem eletricidade, na quinta-feira, depois uma onda de ataques russos. A denúncia foi feita pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que adiantou que as zonas mais afetadas são Vinnytsia, Odessa, Sumy e Kyiv.
O responsável ressalvou, contudo, que todos os esforços estavam a feitos para voltar à normalidade, no seu habitual discurso noturno à nação.
O chefe de Estado destacou também a extensão por 120 dias do acordo de exportação de cereais, “apesar de todas as dificuldades e da manipulação da Rússia”.
“Isto é algo muito específico que faz o mundo ver a importância da Ucrânia. Desde o dia 1 de agosto, mais de 450 navios já deixaram os portos de Odessa. A quantidade total de alimentos é de 11 milhões de toneladas. A geografia é muito ampla: Marrocos, Argélia, Líbia, Tunísia, Egito, Sudão, Etiópia, Somália, Quénia, Iémen, Líbano, Bangladesh, China, Índia, Indonésia, Turquia, além dos países da União Europeia”, apontou, salientando que “dezenas de milhares de pessoas, principalmente nos países africanos, foram salvas da fome”.
Zelensky reiterou, assim, que a “pressão no mercado global” foi reduzida, sendo que a Ucrânia tem “feito de tudo para alargar este trabalho”, em cooperação com a Organização das Nações Unidas (ONU) e o seu secretário-geral, António Guterres, assim como com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, aos quais teceu agradecimentos.
Na mesma linha, o presidente ucraniano revelou ter realizado uma reunião sobre a iniciativa de exportação de cereais a partir da Ucrânia, tendo já o apoio de países como a Alemanha, a Polónia, a Bélgica, o Japão, a Turquia e os Estados Unidos.
“O significado é muito simples e o mais específico possível. Todos os países do mundo, com a Ucrânia, podem garantir o abastecimento de alimentos para aqueles que mais sofrem com a sua escassez”, disse, complementando que “a agressão russa deve levar o mundo inteiro a uma conclusão óbvia: nunca mais deve haver fome em massa no mundo. Se o mundo trabalhar em unidade, a fome será derrotada”, considerou.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva russa na Ucrânia causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas - mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa - justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.557 civis mortos e 10.074 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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