Filho de Jair Bolsonaro volta a atacar urnas eletrónicas no Brasil
O deputado federal e filho do Presidente brasileiro, Eduardo Bolsonaro, atacou hoje as urnas eletrónicas, um dia após o partido do seu pai ter pedido a anulação de parte dos votos que deram a vitória a Lula da Silva.
© Lusa
Mundo Brasil
"Se as urnas eletrónicas só eram bem vistas por poucos países, agora nenhum país sério a adotará", escreveu Eduardo Bolsonaro na rede social Twitter, partilhando um vídeo no qual Steve Bannon, o antigo conselheiro ideológico do ex-presidente norte-americano Donald Trump, defende os protestos no Brasil, que questionam os resultados das eleições.
"A censura acua. Mas não se engane, essa é a opinião da maioria no exterior. A imprensa internacional, mais livre, tem feito uma cobertura melhor de nossa eleição", acrescentou o deputado federal.
No vídeo partilhado por Eduardo Bolsonaro, Bannon afirma que "uma vez que se começa a digitalizar eleições, não se tem provas sobre a identidade" dos eleitores. "Tudo isso é feito por uma razão: para roubar eleições", disse o ex-conselheiro de Trump.
Bannon, que ajudou a dirigir a campanha de Trump em 2016 e foi o seu principal estratega político até à sua saída da Casa Branca em 2017, foi condenado por um tribunal norte-americano a quatro meses de prisão e 6.500 dólares (6.600 euros) em multas por desrespeito ao comité de investigação da invasão ao Capitólio.
Estas acusações de Eduardo Bolsonaro surgem um dia depois de o partido do ainda Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, ter pedido às autoridades eleitorais a anulação de parte das urnas utilizadas nas presidenciais de 30 de outubro, mas não fazendo qualquer menção relativamente às urnas da primeira volta e das eleições gerais de 02 de outubro, nas quais foi o grande vencedor elegendo 99 deputados federais.
Numa declaração à comunicação social, sem direito a perguntas, em Brasília, o engenheiro Carlos Rocha, responsável pela auditoria do relatório do Partido Liberal (PL), indicou que em algumas urnas foi encontrado "um número inválido", o que indica um "indício muito forte de mau funcionamento da urna", gerando assim "incerteza nos dados dessas urnas".
"Descobriu-se que existiram urnas que travaram e foram desligadas no mesmo período de votação e ligadas outra vez", frisou, acrescendo que tal representa uma "violação do sigilo do ato de votar".
Num ato contraditório, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, ao lado dos auditores, disse que este relatório não representa a opinião do partido.
Em causa estarão mais de 250 mil urnas (anteriores a 2020), cerca de metade do total utilizado nas eleições presidenciais de 30 de outubro, vencidas, e ratificadas pelas autoridades eleitorais e observadores internacionais, por Lula da Silva.
Na mesma conferência de imprensa, o advogado do partido, Marcelo Bessa, indicou que nas urnas anteriores a 2020, Lula da Silva venceu por 52% contra 48% para Jair Bolsonaro.
Mas, segundo o relatório, nas urnas novas o resultado foi o inverso: Jair Bolsonaro terá vencido com 51% e Lula da Silva registado 48,95% dos votos.
Os protestos contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas presidenciais de 30 de outubro e a favor de uma intervenção militar voltaram a ganhar alguma força na semana passada, alavancados pelo feriado nacional da instauração da República no Brasil, com milhares de manifestantes a concentrarem-se em frente a quartéis em vários estados brasileiros.
De forma a terminar com estes protestos, considerados antidemocráticos por parte do Supremo Tribunal Federal (STF), o juiz Alexandre de Moraes ordenou o bloqueio de 43 contas bancárias de empresários que estariam a patrocinar e a apoiar os acampamentos em frente aos quartéis-generais, que ainda persistem passadas três semanas da estreita derrota do ainda Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.
A investigação, ainda em curso, aponta a suspeita de que empresários cujas contas bancárias foram alvo do bloqueio estariam a atuar para financiar estes atos antidemocráticos e disponibilizando uma estrutura completa, que inclui desde tendas e casas de banho a alimentação aos manifestantes.
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