Os governos da União Europeia (UE) não conseguiram chegar a um acordo, esta quarta-feira, sobre o teto máximo a impor aos preços do petróleo russo transportado por via marítima e retomarão as conversações na quinta-feira à noite ou, eventualmente, na sexta-feira, disseram diplomatas do bloco europeu aqui citados pela Reuters.
"Ainda existem diferenças no que toca ao nível do limite máximo de preços. Precisamos de prosseguir bilateralmente", explicou um desses diplomatas. "A próxima reunião de embaixadores dos países da UE será amanhã à noite ou na sexta-feira", acrescentou.
Recorde-se que, esta quarta-feira, os representantes dos 27 Estados-membros da UE estiveram reunidos em Bruxelas para discutir a proposta do G7, que previa a fixação do preço máximo a impor ao petróleo russo entre os 65 e os 70 dólares por barril. Porém, o valor revelou-se demasiado baixo para alguns países (Chipre, Grécia e Malta) e muito alto para outros (Polónia, Lituânia e Estónia).
"A Polónia diz que não podem ir acima dos 30 dólares por barril. O Chipre quer uma compensação. A Grécia quer mais tempo. Isto não vai acontecer esta noite", explicou ainda um segundo diplomata contactado pela Reuters.
Prevê-se que os países do G7, bem como toda a UE e a Austrália, implementem o preço máximo a impor às exportações de petróleo russo por via marítima já no próximo dia 5 de dezembro.
Em causa está uma medida que se insere nas sanções ocidentais aplicadas com o intuito de reduzir as receitas de Moscovo derivadas das suas exportações energéticas, diminuindo assim as suas fontes de financiamento da guerra na Ucrânia.
Uma vez que as principais empresas de transporte marítimo e seguradoras do mundo estão sediadas nos países do G7, o limite de preços previsto tornaria muito difícil para Moscovo vender o seu petróleo - o seu principal item de exportação, que equivale a cerca de 10% da oferta mundial - por um preço mais elevado.
Ao mesmo tempo, visto que os custos de produção do combustível estão atualmente estimados em cerca de 20 dólares por barril, o limite previsto ainda tornaria rentável para a Rússia vender o seu petróleo e, desta forma, evitaria uma escassez de abastecimento no mercado global.
Os diplomatas da UE consultados pela Reuters afirmaram que a maioria dos países do bloco europeu, como é o caso de França e da Alemanha, apoiavam o limite de preço proposto pelo G7.
Estas negociações acontecem numa altura em que prosseguem as hostilidades no terreno. Desta quarta-feira destacam-se os ataques russos sobre a capital ucraniana, Kyiv, que resultou na morte de, pelo menos, três pessoas. Durante a noite, registou-se um ataque de Moscovo sobre uma maternidade em Vilniansk, nos arredores da cidade de Zaporíjia, que tirou a vida a um recém-nascido.
A guerra na Ucrânia, que teve início a 24 de fevereiro, provocou já mais de 6.500 mortes entre civis, de acordo com os mais recentes cálculos da Organização das Nações Unidas (ONU). Pelo menos 437 crianças perderam a vida na sequência desta ofensiva, com outras 837 a terem ficado feridas.
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