Ucrânia recebe promessas de apoio no 90.º aniversário do 'Holodomor'

A Ucrânia recebeu este sábado promessas de apoio contra Moscovo, no 90.º aniversário do 'Holodomor', a fome causada pelo regime de Estaline na década de 1930, que adquiriu novo impacto desde a invasão russa.

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Lusa
26/11/2022 12:13 ‧ 26/11/2022 por Lusa

Mundo

Holodomor

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, garantiu que o seu povo se manterá firme perante os ataques russos, que regularmente provoca grandes cortes de energia e água à medida que as temperaturas do inverno se aproximam.

"Os ucranianos passaram por coisas realmente terríveis. E apesar de tudo mantiveram a capacidade de não obedecer e o seu amor pela liberdade. No passado, quiseram destruir-nos com fome, hoje com escuridão e com frio", afirmou Zelensky, num vídeo publicado no Telegram, citado pela Agência France-Presse.

"Não nos podem quebrar", sublinhou.

Vários líderes europeus viajaram hoje até Kyiv para participarem nas comemorações do 'Holodomor', que a Ucrânia considera um "genocídio".

Segundo a comunicação social da Polónia e da Lituânia, os primeiros-ministros desses países, Mateusz Morawiecki e Ingrida Simonyte, que apoiam fortemente Kyiv, estão de passagem para negociações sobre uma possível nova onda de imigração da Ucrânia para a Europa neste inverno.

O Serviço da guarda fronteiriça da Ucrânia confirmou que Morawiecki "visitou Kyiv e honrou a memória das vítimas do 'Holodomor'".

O primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, também está de visita a Kyiv, a primeira desde o início da invasão russa.

Segundo a agência belga, o governante prevê disponibilizar um apoio financeiro adicional de 37,4 milhões de euros para a Ucrânia.

"Cheguei a Kyiv. Após os violentos bombardeamentos dos últimos dias, estamos com o povo ucraniano. Mais do que nunca", afirmou De Croo no Twitter.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, anunciou num vídeo uma ajuda adicional de 10 milhões de euros para apoiar as exportações de cereais da Ucrânia, impactadas pela guerra.

O Parlamento alemão decidiu, esta sexta-feira, definir como "genocídio" o 'Holodomor', que causou a morte de cerca de 3,5 milhões de ucranianos através da coletivização de terras.

A Rússia rejeita essa classificação, argumentando que a grande fome que assolou a URSS (União Soviética) no início dos anos 1930 não fez apenas vítimas ucranianas, mas também russas, cazaques e outros povos.

O flagelo histórico cometido pelo regime estalinista na Ucrânia soviética, também designado como "A Grande Fome" ou "A Fome-Terror", fez, entre 1932 e 1933, cerca de 3,5 milhões de vítimas ucranianas -- aliás 'Holodomor' significa em ucraniano isso mesmo: exterminação pela fome.

A Roménia, a Irlanda, a Alemanha e o Vaticano foram, até agora, alguns dos países que atribuíram ao crime da era soviética a classificação que a Ucrânia vinha pedindo há anos e que adquiriu uma nova atualidade desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, a 24 de fevereiro deste ano, e durante alguns meses bloqueou a saída de cargueiros com cereais dos portos ucranianos, fazendo temer uma crise alimentar mundial.

Na quarta-feira, o parlamento romeno aprovou um texto classificando o 'Holodomor' como um "crime contra a Humanidade" e, na quinta-feira, foi a vez de o Senado irlandês aprovar uma resolução considerando-o um "genocídio do povo ucraniano".

No mesmo dia, também o papa Francisco falou sobre o assunto no Vaticano, utilizando o termo "genocídio": "Rezamos pelas vítimas desse genocídio e por tantos ucranianos -- crianças, mulheres, pessoas idosas e bebés -- que agora sofrem o martírio da agressão".

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