Seul detém ex-alto funcionário por suspeita de encobrir homicídio

O ex-diretor de segurança nacional da Coreia do Sul foi detido hoje por suspeita de encobrir o homicídio de um funcionário do organismo de pesca sul-coreana pela Coreia do Norte perto da fronteira marítima dos dois países em 2020.

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Lusa
03/12/2022 10:53 ‧ 03/12/2022 por Lusa

Mundo

Coreia do Sul

A detenção de Suh Hoon hoje ocorre quando o governo conservador do Presidente do país, Yoon Suk Yeol, investiga o modo como o seu predecessor liberal lidou com este homicídio e outro incidente na fronteira no mesmo ano, casos que geraram muitas críticas.

Seul estava, na altura destes incidentes, a tentar desesperadamente apaziguar a Coreia do Norte para melhorar as suas relações.

O ex-Presidente Moon Jae-in, que apostou o seu único mandato na reaproximação entre as Coreias antes de deixar o cargo em maio, reagiu com raiva à investigação sobre as ações de Suh. Moon emitiu um comunicado esta semana acusando o Governo de Yoon de levantar alegações infundadas e politizar questões de segurança sensíveis.

De acordo com um comunicado do Tribunal Distrital Central de Seul, o juiz Kim Jeong-min aprovou o pedido do procurador para deter Suh, com o objetivo de evitar a destruição de provas.

Suh não respondeu às perguntas dos jornalistas sobre as alegações feitas contra si na sexta-feira, quando compareceu ao tribunal para uma revisão do pedido de mandado de prisão da procuradoria.

Uma investigação anterior do Conselho de Auditoria e Inspeção da Coreia do Sul concluiu que funcionários do governo de Moon não fizeram nenhuma tentativa significativa de resgatar Lee Dae-jun depois de saber que o oficial de pesca de 47 anos estava à deriva em águas perto da fronteira marítima ocidental da Coreia em setembro de 2020.

Depois de confirmar que Lee havia sido morto a tiro por tropas norte-coreanas, as autoridades levantaram publicamente a possibilidade de que estivesse a tentar desertar para a Coreia do Norte, citando as suas dívidas de jogo e problemas familiares, enquanto ocultavam evidências que Lee não tinha essa intenção, segundo um relatório do Conselho de Auditoria de outubro.

Suh também serviu como chefe de espionagem de Moon antes de ser nomeado diretor de segurança nacional dois meses antes do assassínio.

O ex-diretor da segurança nacional enfrenta suspeitas de que usou uma reunião do Gabinete para instruir as autoridades a destruírem os registos de informação relacionados ao incidente, enquanto o governo elaborava uma explicação pública para a morte de Lee.

Suh também é suspeito de ordenar que o Ministério da Defesa, o Serviço de Informação Nacional e a Guarda Costeira colocarem nos seus relatórios que Lee estava a tentar desertar.

Em junho, o Ministério da Defesa e a Guarda Costeira reverteram a descrição do incidente feita pelo governo de Moon, dizendo que não havia evidências de que Lee tivesse a tentar desertar.

O Partido Democrata, de Moon, emitiu um comunicado criticando a detenção de Suh, dizendo que as suspeitas de que poderia destruir evidências não eram razoáveis, já que "todos os materiais estão nas mãos do Governo de Yoon Suk Yeol".

Moon deixou o cargo com pouco para mostrar dos seus esforços de compromissoo com a Coreia do Norte e as investigações sobre os dois incidentes mancharam ainda mais o seu legado.

Moon encontrou três vezes com o líder norte-coreano, Kim Jong Un, em 2018 e fez pressão para marcar reuniões de Kim com o antigo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como parte dos esforços para neutralizar o impasse nuclear e melhorar os laços inter-coreanos.

Entretanto, nunca se recuperou do fracasso da segunda reunião Kim-Trump em 2019, no Vietname. As negociações fracassaram quando os lados não chegaram a um acordo sobre as negociações para o fim das sanções lideradas pelos Estados Unidos contra a Coreia do Norte, para dissuadir o país asiático a diminuir as suas armas nucleares e programas de mísseis.

Leia Também: Sindicatos sul-coreanos tomam as ruas e prometem longos protestos

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