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UE apela a consenso sobre acordo político assinado no Sudão

A União Europeia (UE) congratulou-se hoje com a assinatura de um acordo político no Sudão entre as autoridades militares sudanesas e a coligação civil Forças de Liberdade e Mudança (FFC) e apelou ao consenso e a mais atores políticos.

UE apela a consenso sobre acordo político assinado no Sudão
Notícias ao Minuto

18:43 - 05/12/22 por Lusa

Mundo UE

O acordo assinado visa um "acordo-quadro" que relance o processo de transição para um governo civil no país.

Em comunicado, o alto representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell congratulou-se com o acordo assinado em Cartum, manifestando o seu apoio à mediação da Organização das Nações Unidas, da União Africana e da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento, e destacou que agora é hora de aproveitar o ímpeto para estender o acordo a outros atores políticos.

"Embora o acordo seja um documento vivo e permaneça aberto para outros assinarem, não deve haver lugar no espetro político para 'spoilers'. Agora, é fundamental manter o ímpeto deste processo e que todos os atores beneficiem do acordo e redobrem os esforços para formar um governo de transição civil e inclusivo", afirmou o chefe da diplomacia, indicando que o horizonte deve ser eleições livres, justas e credíveis no prazo acordado pela transição anterior.

Borrell realçou a necessidade de medidas que gerem consenso e aceitação em torno do acordo, apontando, como exemplo, a libertação de prisioneiros nos últimos dias. "Existem outros detidos em circunstâncias semelhantes e mais gestos como este ajudariam a garantir que o acordo ganhe uma aceitação mais ampla em todo o país", frisou.

A UE tem insistido no seu apoio ao cumprimento do roteiro democrático no país, que foi interrompido em 2021 pelo golpe militar liderado pelo chefe do Exército e presidente do Conselho Soberano de Transição, Abdel al-Burhan, salientando que, agora, a agenda de cooperação com o Sudão pode começar a ser revitalizada.

"Com a assinatura de hoje, pode começar o trabalho preparatório sobre como retomar as relações e a cooperação, sempre que um governo de transição e ajustes constitucionais forem acordados para o período de transição", refere a nota da diplomacia comunitária.

Os líderes militares e civis do Sudão assinaram hoje um primeiro acordo com o objetivo de pôr fim à profunda crise política que abala o país pobre do nordeste africano, desde um golpe de Estado há mais de um ano.

No entanto, várias das principais forças políticas dissidentes do Sudão boicotaram o acordo, incluindo a rede de base pró-democracia do Sudão, conhecida como o Comité da Resistência, que se tem recusado continuamente a negociar com os generais no poder.

Muitos dos antigos líderes rebeldes, que formaram o seu próprio bloco político, também rejeitaram o acordo, argumentando que este serve apenas os interesses dos militares e das Forças de Liberdade e Mudança. O acordo, cujo esboço foi visto pela agência Associated Press, prevê o afastamento dos militares da política.

O acordo surge após múltiplas tentativas de quebrar o impasse desde que o chefe do Exército, Abdel Fattah al-Burhan, tomou o poder e expulsou os líderes civis.

O golpe do general Burhan em 25 de outubro de 2021 descarrilou uma difícil transição para o regime civil instalada após a expulsão em 2019 do ex-presidente Omar al-Bashir, que tinha permanecido no poder durante quase três décadas.

Desde então, tem havido protestos quase semanais contra o golpe no país, que foi atingido por uma crise económica e um aumento da violência inter-étnica.

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