Greves nos comboios no Reino Unido prenunciam semanas de contestação

Os trabalhadores ferroviários britânicos iniciam hoje uma paralisação de 48 horas que deverá afetar a maioria dos comboios em todo o país, continuando uma série de greves que nos próximos dias deverá afetar hospitais e aeroportos. 

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Lusa
13/12/2022 06:48 ‧ 13/12/2022 por Lusa

Mundo

Reino Unido

 

O sindicato RMT (Sindicato dos Trabalhadores Ferroviários, Marítimos e dos Transportes) rejeitou na segunda-feira uma oferta dos operadores ferroviários de um incremento salarial ao longo de dois anos de 5% e 4%, respetivamente.

A oferta impunha como condições um agravamento de 30% no horário de trabalho fora das horas normais e um corte de 50% nas tarefas de manutenção programadas, o que poderia levar à perda de milhares postos de trabalho, explicou o sindicato.

O secretário-Geral do RMT, Mick Lynch, considerou a proposta "inadequada" e garantiu que os membros estão "determinados" a continuar, acusando o Governo de recusar-se a "levantar um dedo" para ajudar e de ameaçar legislar contra as greves. 

O sindicato tem novas ações marcadas para 16-17 de dezembro, 24-27 de dezembro, 03-04 janeiro e 06-07 janeiro, afetando diretamente as deslocações de milhares de pessoas durante a época festiva. 

A greve deverá envolver cerca de 40.000 trabalhadores ferroviários e imobilizar uma grande parte dos serviços ferroviários britânicos pois abrange 14 empresas ferroviárias e o operador Network Rail.

As greves incluem os responsáveis pela sinalização, pelo que vão afetar o serviço das empresas cujos funcionários não participam.

Esta semana também estão previstas greves de examinadores de condução automóvel, carteiros, vigilância de auto-estradas, enfermeiros e em aeroportos, nomeadamente assistência de terra e controlo de passaportes. 

A contestação social é um resultado da subida da inflação, que chegou aos 11,1% em outubro no Reino Unido devido aos preços mais altos da alimentação e energia.

Perante o aumento do custo de vida, o Governo está sob pressão para promover consensos, mas recusa envolver-se nas disputas, alegando que as negociações são entre trabalhadores e empregadores e lamentou a repercussão nas pessoas. 

O secretário de Estado da Saúde, Will Quince, admitiu na segunda-feira que o Executivo está "profundamente preocupado" com os riscos que as greves dos enfermeiros nos dias 15 e 20 de dezembro representam para os doentes. 

Quince disse no Parlamento que é "inevitável" que alguns utentes tenham consultas canceladas e tratamentos atrasados.

Esta será a primeira vez que o sindicato dos enfermeiros Royal College of Nursing (RCN) convoca uma greve, em 106 anos de história, podendo mobilizar cerca de 300.000 profissionais.  

O Ministério do Interior também emitiu um alerta sobre a greve dos agentes de fronteiras entre 23 e 26 de dezembro e 28 e 31 de dezembro, coincidido com alguns dos dias mais movimentados nos aeroportos de Heathrow e Gatwick, que operam grande parte dos voos para Portugal. 

A paralisação convocada pelo sindicato da função pública PCS também vai afetar os aeroportos de Manchester, Birmingham, Cardiff e Glasgow, bem como o porto de Newhaven.

O secretário-geral, Mark Serwotka, antecipou uma grande adesão dos 100.000 membros de vários departamentos governamentais que reivindicam um aumento salarial de 10%, bem como outras garantias sobre pensões e a segurança no emprego.

"Pessoal militar, funcionários públicos e voluntários de todo o Governo estão a ser treinados", indicou o Ministério, avisando contudo que os passageiros devem estar preparados para "longos tempos de espera".

Algumas greves de comboios, autocarros e enfermeiros foram entretanto canceladas porque os respetivos sindicatos chegaram a acordo. 

Leia Também: PIB do Reino Unido recupera 0,5% em outubro

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