O sindicato RMT (Sindicato dos Trabalhadores Ferroviários, Marítimos e dos Transportes) rejeitou na segunda-feira uma oferta dos operadores ferroviários de um incremento salarial ao longo de dois anos de 5% e 4%, respetivamente.
A oferta impunha como condições um agravamento de 30% no horário de trabalho fora das horas normais e um corte de 50% nas tarefas de manutenção programadas, o que poderia levar à perda de milhares postos de trabalho, explicou o sindicato.
O secretário-Geral do RMT, Mick Lynch, considerou a proposta "inadequada" e garantiu que os membros estão "determinados" a continuar, acusando o Governo de recusar-se a "levantar um dedo" para ajudar e de ameaçar legislar contra as greves.
O sindicato tem novas ações marcadas para 16-17 de dezembro, 24-27 de dezembro, 03-04 janeiro e 06-07 janeiro, afetando diretamente as deslocações de milhares de pessoas durante a época festiva.
A greve deverá envolver cerca de 40.000 trabalhadores ferroviários e imobilizar uma grande parte dos serviços ferroviários britânicos pois abrange 14 empresas ferroviárias e o operador Network Rail.
As greves incluem os responsáveis pela sinalização, pelo que vão afetar o serviço das empresas cujos funcionários não participam.
Esta semana também estão previstas greves de examinadores de condução automóvel, carteiros, vigilância de auto-estradas, enfermeiros e em aeroportos, nomeadamente assistência de terra e controlo de passaportes.
A contestação social é um resultado da subida da inflação, que chegou aos 11,1% em outubro no Reino Unido devido aos preços mais altos da alimentação e energia.
Perante o aumento do custo de vida, o Governo está sob pressão para promover consensos, mas recusa envolver-se nas disputas, alegando que as negociações são entre trabalhadores e empregadores e lamentou a repercussão nas pessoas.
O secretário de Estado da Saúde, Will Quince, admitiu na segunda-feira que o Executivo está "profundamente preocupado" com os riscos que as greves dos enfermeiros nos dias 15 e 20 de dezembro representam para os doentes.
Quince disse no Parlamento que é "inevitável" que alguns utentes tenham consultas canceladas e tratamentos atrasados.
Esta será a primeira vez que o sindicato dos enfermeiros Royal College of Nursing (RCN) convoca uma greve, em 106 anos de história, podendo mobilizar cerca de 300.000 profissionais.
O Ministério do Interior também emitiu um alerta sobre a greve dos agentes de fronteiras entre 23 e 26 de dezembro e 28 e 31 de dezembro, coincidido com alguns dos dias mais movimentados nos aeroportos de Heathrow e Gatwick, que operam grande parte dos voos para Portugal.
A paralisação convocada pelo sindicato da função pública PCS também vai afetar os aeroportos de Manchester, Birmingham, Cardiff e Glasgow, bem como o porto de Newhaven.
O secretário-geral, Mark Serwotka, antecipou uma grande adesão dos 100.000 membros de vários departamentos governamentais que reivindicam um aumento salarial de 10%, bem como outras garantias sobre pensões e a segurança no emprego.
"Pessoal militar, funcionários públicos e voluntários de todo o Governo estão a ser treinados", indicou o Ministério, avisando contudo que os passageiros devem estar preparados para "longos tempos de espera".
Algumas greves de comboios, autocarros e enfermeiros foram entretanto canceladas porque os respetivos sindicatos chegaram a acordo.
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