Pequim expande clínicas para responder ao aumento de casos de Covid-19

A China continua a preparar-se para uma 'avalanche' de casos de Covid-19, que ainda não se reflete nas estatísticas oficiais, através do alargamento dos espaços nos centros de saúde, para tratar doentes com febre, e do armazenamento de medicamentos.

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Lusa
13/12/2022 09:42 ‧ 13/12/2022 por Lusa

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Covid-19

Os quase 350 centros comunitários de serviços de saúde de Pequim criaram já áreas para tratar pacientes com febre, numa altura em que a "explosão de casos está a pressionar muito os serviços médicos", de acordo com as autoridades locais. A China pôs, na semana passada, fim a quase três anos da política de 'zero casos' de covid-19.

"O rápido desenvolvimento da epidemia está a exercer grande pressão sobre os serviços médicos", reconheceu o vice-diretor da Comissão Municipal de Saúde de Pequim, Li Ang, citado pela imprensa local.

Li exortou os moradores da capital a irem aos centros apenas se não melhorarem após receberem tratamento em casa.

O funcionário observou que as chamadas de emergência aumentaram, nos últimos dias, e atingiram o pico em 09 de dezembro, quando foram atendidas 31 mil ligações, seis vezes mais do que o normal.

Para lidar com o crescente número de pacientes, Li disse que a capital vai alargar o número de clínicas de febre, de 94 para 303, e expandir a equipa de coordenação para chamadas de emergência.

Os residentes continuam a comprar testes de antígeno e medicamentos para se tratarem em casa, levando as autoridades a pedir ao público que compre "somente quando necessário", visando evitar o açambarcamento.

Nos últimos dias, muitas cidades fecharam várias cabinas para a realização de testes PCR e reduziram a frequência com que testam a população.

A imprensa oficial começou também a minimizar o risco da variante Ómicron através de artigos e entrevistas com especialistas, numa súbita mudança de narrativa que acompanha o relaxamento de algumas das medidas mais rígidas da política de 'zero casos' de covid-19, que vigorou no país ao longo de quase três anos.

As autoridades afirmaram que estão reunidas as "condições" para que o país "ajuste" as suas medidas nesta "nova situação", em que o vírus causa menos mortes, e anunciaram um plano para acelerar a vacinação entre os idosos, um dos grupos mais vulneráveis, mas ao mesmo tempo mais relutante em ser inoculado.

O país aboliu, na semana passada, testes em massa, quarentena em instalações designadas, para casos positivos e contactos diretos, e a utilização de aplicações de rastreamento de contactos.

Isto ocorreu depois de protestos em várias cidades da China contra a estratégia de 'zero casos' de covid-19. Alguns dos manifestantes proclamaram palavras de ordem contra o líder chinês, Xi Jinping, e o Partido Comunista, algo inédito no país em várias décadas.

Embora tenha sido recebido com alívio, o fim da estratégia 'zero covid' suscita também preocupações.

Com 1.400 milhões de habitantes, a China é o país mais populoso do mundo. A estratégia de 'zero casos' significa que a esmagadora maioria da população chinesa carece de imunidade natural. Pequim recusou também importar vacinas de RNA mensageiro, consideradas mais eficazes do que as inoculações desenvolvidas pelas farmacêuticas locais Sinopharm e Sinovac.

A remoção das restrições poderá desencadear uma 'onda' de casos sem paralelo este inverno, sobrecarregando rapidamente o sistema de saúde do país, de acordo com as projeções elaboradas pela consultora Wigram Capital Advisors, que forneceu modelos de projeção a vários governos da região, durante a pandemia.

Um milhão de chineses poderá morrer com covid-19 durante os próximos meses de inverno, de acordo com a mesma projeção.

Leia Também: Covid-19. Regresso à normalidade em Macau "é muito bem-vindo"

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