O envio dos Patriot, anunciado pouco antes da chegada de Zelensky a Washington, "é um passo muito importante na criação de um espaço aéreo seguro para a Ucrânia", sublinhou o Presidente ucraniano, no final de uma conferência de imprensa ao lado do homólogo norte-americano, após uma reunião bilateral na Casa Branca.
Zelensky frisou que este sistema de mísseis, que os EUA vão fornecer pela primeira vez desde o início da invasão russa da Ucrânia, que dura há mais de 300 dias, ajudará a conter os "ataques às infraestruturas".
O governante ucraniano adiantou ainda que discutiu com Biden o que é necessário para os ucranianos sobreviverem ao inverno, referindo que "proteger as pessoas é uma necessidade humanitária".
Joe Biden realçou que o sistema Patriot irá demorar algum tempo a estar operacional, mas assegurou que será prestada a formação necessária.
Questionado sobre se o envio do sistema Patriot pode ser interpretado pela Rússia como uma escalada, Biden lembrou que este "é um sistema de defesa".
Zelensky juntou-se ainda ao homólogo norte-americano numa outra resposta sobre os Patriot, garantindo, num tom mais descontraído, que assim que a Ucrânia receber o sistema Patriot irá pedir aos EUA "mais sistemas" deste tipo.
"Estamos a trabalhar nisso", acrescentou depois Biden.
O chefe de Estado norte-americano realçou ainda que a Rússia, com os ataques às infraestruturas de energia, está "a usar o inverno como arma", garantindo que está a trabalhar com os aliados para apoiar as reparações necessárias na Ucrânia no setor da energia.
Biden salientou também que é "importante para o povo americano e para o mundo ouvir diretamente (...) [de Zelensky] sobre a luta da Ucrânia e a necessidade de manter a união até 2023".
Os Estados Unidos anunciaram hoje que fornecerão ajuda militar à Ucrânia no valor de 1,85 mil milhões de dólares (1,75 mil milhões de euros), incluindo uma bateria de mísseis Patriot.
O valor hoje anunciado elevará a assistência militar total dos Estados Unidos à Ucrânia para 21,9 mil milhões de dólares (20,6 mil milhões de euros) desde que Joe Biden tomou posse, em janeiro de 2021.
Uma destas baterias inclui geralmente um radar que deteta e rastreia o alvo, computadores, geradores e uma estação de controlo, além de oito minilançadores com quatro mísseis prontos para disparar.
Durante a conferência de imprensa, Biden e Zelensky também trocaram elogios e agradecimentos.
O ucraniano salientou que respeita Biden como pessoa, como Presidente e como ser humano, referindo que a visita aos EUA é "um momento histórico".
Já Biden abordou a importância de realizar reuniões presenciais, quer com aliados, quer com inimigos, para "olhar nos olhos" e ver o que pensam.
Sobre Zelensky, o norte-americano destacou: "Está claro na sua alma que ele é quem diz ser. Está disposto a dar a vida pelo seu país. Vamos fazer tudo ao nosso alcance para o ver ter sucesso".
O chefe de Estado ucraniano foi ainda questionado sobre que mensagem a sua visita a Washington transmite a Putin, com Zelensky a recordar uma "reunião normal" com o Presidente russo em 2019, para evitar uma escalada de tensões.
"Ele [Putin] disse que não ia acontecer [uma invasão geral], mas mentiu", frisou.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas - 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa - justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
[Notícia atualizada às 23h40]
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