Face às acusações de “hipocrisia” que se seguiram ao anúncio de um cessar-fogo decretado pelo presidente russo, Vladimir Putin, para os dias 6 e 7 de janeiro, o antigo presidente e atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, considerou que os “palhaços ucranianos” rejeitaram a “mão da misericórdia cristã”. Acrescentou, contudo, que desta forma há “menos problemas e astúcia”.
“A mão da misericórdia cristã foi estendida aos ucranianos para o Grande Feriado [Natal ortodoxo]. Os seus líderes rejeitaram-na. Acho que a maioria dos nossos militares [...] exalou calmamente ao ouvir a recusa dos principais palhaços ucranianos do cessar-fogo no Natal. Menos problemas e astúcia”, atirou o responsável, na rede social Telegram.
Medvedev apontou ainda ser “uma pena para as pessoas que perderam a oportunidade de ir à Igreja”, atirando que “os porcos não têm fé, nem um sentido inato de gratidão”.
“Entendem apenas a força bruta, e exigem comida dos proprietários. É nisso que se baseia o treino. E será continuado pelos criadores de porcos ocidentais”, complementou, lançando que “os herdeiros dos nazis nunca pouparam humanos ou animais” e, por isso, “não estão acostumados”.
De notar que, na quinta-feira, o chefe de Estado russo decretou um cessar-fogo de 36 horas entre o meio-dia de 6 de janeiro e a meia-noite de 7 de janeiro, alegadamente para que os cidadãos possam celebrar o Natal ortodoxo. Contudo, tanto Kyiv como os seus aliados consideram que tudo não passa de uma “hipocrisia”.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse, inclusivamente, que a Rússia pretende “usar o Natal como disfarce para parar, pelo menos temporariamente, o avanço dos combatentes [ucranianos] no Donbass e trazer equipamentos, munições e homens mobilizados para mais perto das [suas] posições".
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 14 milhões de pessoas, segundo dados os mais recentes da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A entidade confirmou ainda que já morreram 6.919 civis desde o início da guerra e 11.075 ficaram feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.
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