O Ministério dos Transportes apelou hoje aos viajantes para limitarem ao mínimo as viagens e os encontros, em particular se envolverem pessoas idosas, grávidas, crianças pequenas e pessoas com doenças prévias.
Os utentes de transportes públicos são igualmente instados a usar máscaras e prestar especial atenção à sua saúde e higiene pessoal, acrescentou o vice-ministro, Xu Chengquang, numa conferência de imprensa.
O apelo ficou apenas um pouco aquém de dizer diretamente aos cidadãos para ficarem em casa, como fez o Governo desde que a pandemia começou, no final de 2019, embora alguns governos locais tenham instado os trabalhadores migrantes a não irem às respetivas terras natais.
Xu disse que as autoridades esperam mais de dois mil milhões de viagens durante a semana de festividades, a mais importante altura para visitar família e amigos do calendário tradicional chinês.
Esse número é quase o dobro do do ano passado e mais 70,3 por cento que no mesmo período em 2019, antes do início da pandemia, indicou o vice-ministro dos Transportes.
A vontade de realizar visitas à família e turismo "acumulou-se ao longo dos últimos três anos de pandemia e será satisfeita de uma só vez", observou Xu.
"Encorajamos as pessoas a fazerem planos de viagem com base na sua própria situação e na dos membros das suas famílias", vincou.
A China pôs abruptamente fim ao rígido regime de confinamentos, quarentenas e testagem em massa em dezembro, devido a crescentes preocupações com o impacto de tais medidas na economia nacional e à realização de protestos públicos incomuns num país que duramente reprime qualquer sinal de discordância política.
No próximo domingo, Pequim vai também pôr fim às quarentenas obrigatórias para as pessoas procedentes do estrangeiro.
O atual surto pandémico causado por mais uma variante do coronavírus SARS-CoV-2 parece ter alastrado mais rapidamente primeiro nas cidades mais densamente povoadas do país, sobrecarregando o sistema nacional de saúde.
Agora, as autoridades estão preocupadas porque o novo surto está a chegar a cidades mais pequenas e zonas rurais onde o sistema de saúde pública tem menos recursos, como, por exemplo, camas nas unidades de cuidados intensivos.
No estrangeiro, um crescente número de Governos está a exigir testes a viajantes procedentes da China, argumentando que estes são necessários porque o Governo chinês não está a partilhar informação suficiente sobre o surto.
Na quarta-feira, a União Europeia "encorajou fortemente" os seus Estados-membros a impor testes de covid-19 antes do embarque dos passageiros, embora nem todos o tenham feito.
No mesmo dia, O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou-se preocupado com a ausência de fornecimento de dados sobre o novo surto pandémico pelo Governo chinês.
Por seu lado, os Estados Unidos impuseram a quem viajar da China a apresentação de um teste negativo realizado menos de 48 horas antes do embarque.
A China criticou tais exigências, advertindo de que retaliará adotando medidas contra os países que estão a impô-las e vários porta-vozes oficiais emitiram declarações indicando que a situação da covid-19 no país se encontra sob controlo, rejeitando acusações de falta de preparação para uma reabertura.
Apesar das preocupações expressas, Hong Kong anunciou que reabrirá algumas das suas passagens fronteiriças para a China continental no domingo e permitirá que dezenas de milhares de pessoas as atravessem diariamente sem serem sujeitas a quarentena.
Os postos fronteiriços terrestres e marítimos de Hong Kong com o continente estiveram praticamente encerrados durante quase três anos e espera-se que a sua reabertura dê um impulso muito necessário aos setores do turismo e do comércio de Hong Kong.
Pequim também tem gradualmente aberto o país a visitas oficiais de governantes estrangeiros, tendo recebido o Presidente das Filipinas, Ferdinando Marcos Jr, esta semana.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, deverá tentar efetuar a sua primeira visita oficial a Pequim este mês ou no próximo, durante a qual se reunirá com o recém-nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros, Qin Gang, o ex-embaixador chinês sem papas na língua em Washington.
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