A camada de ozono poderá recuperar a capacidade total dentro de quatro décadas, um acontecimento descrito como um sucesso ambiental pelas Nações Unidas, uma vez que reflete a eficácia dos acordos para limitar os efeitos do aquecimento global.
A informação é avançada pelo Painel de Avaliação Científica das Nações Unidas do Protocolo de Montreal, citado pela Bloomberg esta segunda-feira, que faz um relatório de quatro em quatro anos para avaliar o impacto do Protocolo de Montreal de 1987, que proibiu as substâncias que danificam o escudo protetor da Terra e, consequentemente, representam um risco para os seres humanos e para o ambiente.
Segundo os resultados, a reversão dos danos na camada que protege a terra de raios solares ultravioleta está a progredir bem, refletindo a eficácia dos acordos globais para eliminar gradualmente as substâncias químicas nocivas.
Desde que os produtos químicos foram banidos, houve uma “notável recuperação” na camada superior da estratosfera e a eliminação gradual dos hidrofluorcarbonos também evitou um aquecimento estimado de 0,5°C até 2100.
"A ação do ozono estabelece um precedente para a ação climática", destacou Petteri Taalas, Secretário-Geral da Organização Meteorológica Mundial, acrescentando que o "sucesso na eliminação gradual dos produtos químicos destruidores de ozono mostra o que pode e deve ser feito - com urgência - para fazer a transição dos combustíveis fósseis, reduzir os gases com efeito de estufa e assim limitar o aumento da temperatura".
Se as políticas atuais permanecerem em vigor, espera-se que a camada de ozono recupere para os níveis de 1980 – antes do surgimento do buraco – por volta de 2066 na Antártica, em 2045 no Ártico e em 2040 no resto do mundo.
O raro acordo universal, ratificado por 197 Estados e pela UE, eliminou gradualmente os gases, incluindo os clorofluorocarbonetos (CFC), que eram utilizados em produtos como aparelhos de ar condicionado, frigoríficos e desodorizantes, mas que, uma vez libertados, estavam a danificar o ozono na atmosfera superior, permitindo a passagem de mais raios UV-B nocivos. Uma atualização de 2016 do chamado Protocolo de Montreal também eliminou os hidrofluorcarbonos (HFCs), que não destroem diretamente o ozono, mas têm um forte efeito nas mudanças climáticas.
No entanto, as propostas de utilizar a geoengenharia na atmosfera para reduzir o aquecimento global, refletindo mais luz solar no espaço, podem ter consequências não intencionais, incluindo atrasar a recuperação do ozono e aprofundar o buraco do ozono na Antártida, adverte o relatório.
"Nunca é demais realçar o impacto que o Protocolo de Montreal tem tido na mitigação das alterações climáticas", resumiu Meg Seki, secretária executiva do Secretariado do Ozono do Programa das Nações Unidas para o Ambiente.
Leia Também: Enzo Fernández era "baixinho e gordinho" quando chegou ao River Plate