Em comunicado, a HRW refere que na lista dos abusos estão incluídas execuções extrajudiciais, violência sexual, saques e destruição de infraestruturas.
"Nos últimos dois anos, as partes envolvidas no conflito sudanês submeteram a população a abusos e sofrimentos horríveis, bloqueando a ajuda e mergulhando o país num dos piores desastres humanitários do mundo", disse Mohamed Osman, investigador da HRW no Sudão, no comunicado.
O Governo britânico vai reunir os ministros dos Negócios Estrangeiros de cerca de 20 países e representantes de várias organizações numa conferência internacional em Londres, na terça-feira, coorganizada com a Alemanha e a França, para intensificar a pressão diplomática e exigir um cessar-fogo às partes beligerantes no Sudão, coincidindo com o segundo aniversário do início da guerra.
Neste contexto, a HRW instou os líderes participantes a garantirem a proteção dos civis e o acesso "seguro e sem restrições" à ajuda humanitária, que a organização denunciou estar a ser obstruída pelos paramilitares e pelo exército regular do país.
"Os líderes internacionais devem garantir que as discussões para melhorar a situação humanitária sejam acompanhadas de compromissos de alto nível para proteger os civis", disse Osman.
Para tal, a HRW sublinhou a importância de os "países que partilham as mesmas ideias", incluindo os de África e do Médio Oriente, assumirem "compromissos concretos" para proteger os civis, tais como a criação de uma coligação de Estados dedicada a fazer avançar esta agenda e a ponderação de medidas como o envio de uma missão de proteção civil.
Considerou também que os participantes na conferência deveriam reconhecer publicamente "o papel vital" das equipas de intervenção local e dos profissionais de saúde, "comprometer-se a apoiá-los e protegê-los e deixar claro que os crimes de guerra, como os ataques a instalações e pessoal médico, terão consequências".
A HRW apelou, também, a que se garanta apoio político e financeiro às investigações em curso sobre os crimes cometidos no Sudão, a fim de "colmatar o fosso da impunidade", e a que se condenem as violações do embargo às armas, "incluindo as cometidas pelos Emirados Árabes Unidos", e se alargue o embargo às armas e o regime de sanções da ONU.
"Os líderes [reunidos na conferência] devem fornecer ajuda vital, apoiar política e financeiramente as equipas de resposta locais, apoiar os esforços de responsabilização e apoiar a criação de uma missão global para proteger os civis", observou Osman.
A guerra no Sudão, que começou em 15 de abril de 2023, após o fracasso das negociações entre as RSF e o exército para incluir os paramilitares na instituição militar estatal, já matou dezenas de milhares de pessoas e obrigou mais de 12 milhões a fugirem das suas casas no interior do país, enquanto quase qautro milhões procuraram refúgio nos países vizinhos.
Esta guerra é considerada a pior catástrofe humanitária da atualidade no planeta.
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