EUA. Republicanos na Câmara dos Representantes 'miram' China e FBI
Os republicanos da Câmara dos Representantes norte-americana tentam estabelecer rapidamente as investigações da sua nova maioria, votando para criar comités focados na China e no que afirmam ser um abuso desenfreado de poder no governo federal, como no FBI.
© Reuters
Mundo Estados Unidos
Recém-empossados, os congressistas do Partido Republicano prometem responsabilizar o governo de Joe Biden, comprometendo-se a investigar as agências federais de aplicação da lei, incluindo aquelas que conduzem investigações sobre o ex-presidente Donald Trump.
Os republicanos também trabalham para estabelecer um comité para investigar a "competição estratégica" entre os Estados Unidos e a China, em consonância com a pressão do partido por uma abordagem mais dura em relação à nação asiática.
A criação dos comités é a primeira de muitas medidas investigativas que os republicanos planeiam tomar a partir da pequena maioria que alcançaram nas eleições intercalares de novembro passado para tentarem atingir diretamente Joe Biden.
Isso equivale a uma reorganização maciça das prioridades dos democratas, que usaram a sua anterior maioria para formar um comité que investigou a invasão do Capitólio de 06 de janeiro de 2021. Esse comité acabou extinto e os republicanos não têm planos de recuperá-lo, prometendo, em vez disso, examinar mais de perto as ações das autoridades policiais, como o FBI.
Os republicanos rotularam oficialmente um dos comités como "revisão do armamento do governo federal", um nome que sugere que as investigações do painel podem ser unilaterais. A investigação será conduzida sob a jurisdição do Comité Judiciário, chefiado pelo deputado Jim Jordan, um aliado próximo de Donald Trump.
O comité está a receber um amplo mandato, instruído a investigar "o papel expansivo" do poder executivo para "recolher informações ou investigar cidadãos dos Estados Unidos, incluindo investigações criminais em andamento".
Nesse sentido, o painel terá acesso a informações classificadas, um privilégio geralmente reservado para os comités de inteligência da Câmara dos Representantes e do Senado.
O primeiro passo será investigar o que classificam de esforço coordenado do Departamento de Justiça "para perseguir os pais" e considerá-los terroristas domésticos após um aumento de ameaças contra membros do conselho escolar, professores e outros funcionários das escolas públicas do país.
O foco do Partido Republicano em questões como os direitos dos pais nas escolas decorre da indisciplina que tem afetado reuniões locais sobre educação em todo o país desde o início da pandemia, com confrontos e ameaças regulares por parte de pais e tutores em fúria.
Não há evidências de que o FBI tenha declarado os pais que protestam como "terroristas domésticos", apesar da retórica Republicana.
Jim Jordan, que deve liderar a investigação, disse que o comité seguirá o modelo do bipartidário 'Comité da Igreja', uma investigação do Congresso dos anos 1970 que procurou investigar alegações de que o governo norte-americano espionou os seus próprios cidadãos por décadas. Essa investigação levou a reformas significativas com a aprovação da Lei de Vigilância de Inteligência Estrangeira (FISA, na sigla em inglês), que exige que as agências de inteligência obtenham permissão de um tribunal antes de vigiar os cidadãos.
Os democratas opuseram-se à criação do comité, chamando-o de uma ferramenta partidária para os republicanos perseguirem o Departamento de Justiça, já que Trump é objeto de várias investigações criminais federais, inclusive pelas suas tentativas de anular os resultados das eleições de 2020 e pelo armazenamento de documentos confidenciais na sua mansão em Mar-a-Lago, na Florida.
O debate fortemente partidário sobre o Comité Judiciário contrasta com o apoio bipartidário ao painel da China, que será liderado pelo congressista Mike Gallagher, de Wisconsin. Membros de ambos os partidos disseram que mais atenção deveria ser dada às implicações globais da estratégia de competição económica da China.
"Você tem a minha palavra e o meu compromisso. Este não é um comité partidário", disse o porta-voz da Câmara dos Representantes, o Republicano Kevin McCarthy. "Essa é a minha esperança, o meu desejo de que falemos a uma só voz e de que nos concentremos nos desafios que temos", afirmou.
McCarthy acrescentou: "A ameaça é grande demais para discutirmos entre nós".
Quem integrará os comités, além dos presidentes, será uma decisão dos líderes do Congresso.
A Câmara dos Representantes está na fase de nomear os vários comités permanentes, um processo que deve ser contencioso, já que McCarthy já prometeu retaliar os democratas por remover vários membros de extrema-direita das suas comissões na última composição do Congresso.
Alguns dos nomes que estão a ser apresentados ao subcomité do Judiciário incluem o congressista Republicano Scott Perry, cujo telefone foi apreendido em agosto como parte da investigação do Departamento de Justiça sobre a insurreição de 06 de janeiro.
Já os democratas alegam que membros como Perry e Jordan usarão o comité como uma forma de reprimir as agências que os investigam.
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