Angola é uma das etapas do roteiro africano do diplomata chinês e coincidiu com a celebração dos 40 anos de relações diplomáticas entre os dois países, iniciadas em 12 de janeiro de 1983.
Durante a sua passagem por Luanda, o ministro vai também visitar o parque tecnológico da Huawei, uma gigantesca estrutura composta por centros de formação e inovação, que custou 60 milhões de dólares (cerca de 55 milhões de euros) e foi inaugurada em novembro do ano passado.
Qin Gang foi nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros em 31 de dezembro, e pretende com esta viagem pelo continente africano aprofundar a parceria estratégica e a cooperação entre a China e África.
Qin cumpre assim uma tradição de 33 anos, segundo a qual o chefe da diplomacia chinesa faz a sua primeira viagem do ano ao estrangeiro a África.
A China tem demonstrado um interesse crescente em África, tornando-se o maior parceiro comercial do continente, estando também entre os principais parceiros de Angola.
Angola é o maior devedor dos asiáticos entre os países africanos.
Esta semana, Pequim assinou com o governo angolano um novo acordo de financiamento, sob a forma de empréstimo concessional (com taxas de juro mais baixas e prazos de reembolso alargados), no valor de 249 milhões de dólares (229 milhões de euros), para financiar um projeto nacional de banda larga em Angola.
Durante a sua passagem pela Etiópia, Qin Gang rejeitou a narrativa de uma 'armadilha da dívida' aos países africanos, defendendo que a dívida faz parte do desenvolvimento e que é necessário garantir o financiamento acessível.
"A contribuição da China é concreta e melhora as vidas dos africanos, nós não aceitamos o rótulo irrazoável de uma 'armadilha da dívida'", disse Qin Gang, de acordo com uma nota dos serviços de imprensa das autoridades chinesas.
Os comentários de Gang são encarados como uma resposta às autoridades norte-americanas, que têm repetidamente criticado a China não só pelo volume e condições dos empréstimos feitos aos governos e às empresas públicas africanas, mas também pela falta de transparência dos acordos financeiros.
A China representa cerca de 12% da dívida externa dos governos africanos, à volta de 700 mil milhões de dólares (perto de 650 mil milhões de euros), com a Zâmbia e o Gana, ambos em incumprimento financeiro das suas obrigações para com os credores externos, a estarem entre os maiores devedores ao gigante asiático.
Citando números do Banco Mundial, Qin Gang salientou que os bancos multilaterais representam três quartos da dívida externa e acrescentou que deviam ter um papel maior na resolução do problema da dívida, cujos custos aumentarão 50% até 2026 face aos níveis de 2019, de acordo com o centro de pesquisa 'Finance for Development Lab'.
A tradicional visita do MNE chinês a África no início do ano levará Qin Gang, no cargo desde 31 de dezembro, ao Gabão, Benim e Egito, já depois da sua passagem por Angola e pela Etiópia, onde prometeu um perdão de parte da dívida que em 2020, segundo a Chatham House, era de 13,7 mil milhões de dólares (12,6 mil milhões de euros)
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