Uma criança russa, de seis anos, que perdeu o pai na invasão da Ucrânia, foi presenteado pela polícia com uma visita guiada por uma esquadra e um 'smartwatch'.
A situação foi notícia na Rússia e destacada no Twitter por Francis Scarr, da BBC Monitoring, um responsável por analisar a televisão estatal daquele país.
"Mais coisas profundamente deprimentes das províncias da Rússia. O pai de Savely, de 6 anos, foi morto na Ucrânia, mas agora a polícia deu-lhe um 'smartwatch' e uma 'tour' pela esquadra (que gentileza!) Pior de tudo, quando questionado sobre o que gostaria de ser quando for mais velho, ele diz 'um soldado'", escreveu Scarr.
De acordo com a tradução feita por Scarr para inglês é possível ver que a reportagem, transmitida na Rossiya 1, começa por descrever que os "os sonhos se tornam realidade", apresentando depois Savely Trokay, de Kostroma,
"O rapaz, cujo pai morreu na operação militar especial, escreveu uma carta" à polícia, diz a jornalista, que revela que a carta foi lida pelo diretor de um dos departamentos do Ministério dos Assuntos Internos russo , que "enviou um presente" à criança.
Na reportagem é possível ver o menino, acompanhada pela mãe e pela irmã de dois meses, a ser recebido por generais russos, depois de o pai morrer no Donbass.
"Nós não estávamos à espera disto. Foi uma grande surpresa para nós", diz a mãe.
Os comentários à publicação destacam tristeza e revolta e há até quem questione: "É verdade ou são atores?", numa referência às suspeitas de que Putin já recorreu a atores em vários eventos públicos.
More deeply depressing stuff from the Russian provinces
— Francis Scarr (@francis_scarr) January 12, 2023
6 year old Savely’s dad was killed in Ukraine, but now the police have given him a smart watch and a tour of their station (how kind!)
Worst of all, when asked what he’d like to become when he’s older, he says "a soldier" pic.twitter.com/x0C3bwtOIc
Recorde-se que a invasão russa à Ucrânia - justificada por Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança de Moscovo - causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas. Segundo a ONU, já foram confirmados 6.952 civis mortos e 11.144 feridos - números que estão muito aquém dos reais.
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