Steve Bannon, o antigo conselheiro de Donald Trump e uma das vozes mais proeminentes da extrema-direita norte-americana, está a ter dificuldades legais com os seus advogados que, na quinta-feira, pediram ao tribunal para abandonarem a sua defesa.
Na quinta-feira, Bannon voltou a tribunal no âmbito de um processo em que é acusado de ter enganado pessoas nos Estados Unidos para que doassem dinheiro para a construção de um muro, a colocar na fronteira entre o país e o México.
Os advogados, citados pela Associated Press, disseram que o arguido e líder extremista recusa-se a falar diretamente com eles e que existem diferenças "irreconciliáveis" entre as partes envolvidas.
"A sua abordagem até pode ser a correta, mas ele merece que um advogado que esteja em sintonia com a sua visão sobre o caso. Não é nada pessoal", disseram David Schoen e John Mitchell.
O juiz, Juan Manuel Merchan, disse que Bannon tinha até ao dia 28 de fevereiro para encontrar novos advogados. Até lá, Schoen e Mitchell continuarão a defendê-lo em tribunal, embora não estejam previstas mais audiências.
Bannon é acusado de fraude, branqueamento de capitais, conspiração e outros crimes fiscais, relacionados com uma campanha denominada 'Build The Wall' (do inglês, 'Construir O Muro'). O ativista terá prometido aos seus apoiantes que o dinheiro das doações seria usado para financiar a construção do muro - uma promessa iniciada por Donald Trump quando concorreu à presidência dos Estados Unidos, como forma de combater a entrada de imigrantes - mas, em vez disso, Bannon terá desviado centenas de milhares de dólares para outras entidades e para outras pessoas envolvidas no esquema.
Steve Bannon é considerado por muitos especialistas norte-americanos como um dos principais responsáveis pela disseminação de teorias da conspiração e extremismo na direita conservadora norte-americana, especialmente desde antes de Donald Trump subir ao poder, graças ao seu influente site Breitbart News, um dos maiores sites de 'fake news' dos Estados Unidos.
Entre janeiro e agosto de 2017, Bannon chegou a fazer parte da equipa do ex-presidente na Casa Branca, como conselheiro de segurança nacional. Depois de ser despedido por criticar Trump, o estratega apoiou vários movimentos de extrema-direita na Europa, nomeadamente em França, Itália e Hungria.
Depois de ter passado o final de 2020 a promover teorias sobre alegada fraude eleitoral nas eleições presidenciais norte-americanas, nas quais Joe Biden venceu, Bannon passou a estar envolvido na resposta de Donald Trump, continuando a campanha de desinformação do antigo presidente através de redes sociais conservadoras. No dia anterior ao ataque ao Capitólio, em janeiro de 2021, Steve Bannon usou o seu podcast para pedir ao público conservador que fosse a Washington D.C., prometendo caos e revolução.
Bannon acabaria por ser condenado a quatro meses de prisão em outubro de 2022, pena à qual apelou, por recusar colaborar com as forças judiciais na investigação ao ataque ao edifício do Congresso por parte de apoiantes de Donald Trump.
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