Analistas: Alemanha não deve enviar tanques modernos sozinha a Kyiv

A entrega à Ucrânia de tanques de guerra Leopard 2 por parte da Alemanha constitui uma ajuda essencial na resistência à invasão russa, mas Berlim não quer, e não deve, ficar sozinha nesta estratégia, defendem analistas alemães.

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Lusa
18/01/2023 08:42 ‧ 18/01/2023 por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

O Governo da Alemanha mostrou-se disponível, nas últimas semanas, para entregar centenas de tanques de guerra Leopard 2 a Kyiv, mas o primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, já disse que o seu país "não pode estar sozinho" no fornecimento deste tipo de equipamento pesado de guerra.

Na próxima sexta-feira, o Grupo de Contacto de Defesa da Ucrânia (que coordena o fornecimento de armas para Kyiv) reúne na base aérea de Ramstein, na Alemanha, e o tema dos tanques de guerra pesados será um dos pontos centrais de discussão entre os aliados, que propõem a criação de uma coligação europeia para fornecer este género de equipamento.

Para Gustav Gressel, investigador sénior do Conselho Europeu para as Relações Exteriores (ECFR, na sigla em inglês, um 'think tank' europeu), "estes tanques desempenham um papel importante na contra-ofensiva" ucraniana contra as forças russas.

Este especialista lembra que, até agora, apenas a Polónia tem fornecido tanques de guerra pesados, com os modelos T-72 e PT-91, mas estes modelos deixaram de estar disponíveis e a Ucrânia "precisa de fazer a transição para os tanques ocidentais".

O Leopard 2 é usado por 13 exércitos europeus, pelo que existem muitos veículos disponíveis, assim como peças sobressalentes, que podem ser entregues em prazo curto, cumprindo um dos requisitos essenciais para Kyiv.

Por outro lado, o Leopard 2 é considerado um tanque mais resistente que os modelos que a Polónia tem enviado, possuindo uma hipótese superior de sobreviver ao impacto de ataques.

"Os tanques Leopard 2, combinados com veículos de combate de infantaria (como o Marder da Alemanha ou o Bradley produzido nos EUA), artilharia e apoio aéreo, bem como recursos de defesa aérea, permitem que as Forças Armadas da Ucrânia conduzam a defesa móvel e a manobra ofensiva para se libertar da ocupação russa", defende Rafael Loss, coordenador do ECFR para projetos de dados pan-europeus.

Loss considera que a reunião de Ramstein pode ser um momento essencial para o atual momento da guerra na Ucrânia, pela possibilidade de decidir o fornecimento em larga escala de tanques de guerra pesados.

"Só uma coligação europeia pode levar um número suficiente de tanques para a Ucrânia", explica este especialista, acrescentando que essa decisão deve vir acompanhada com uma estratégia industrial para aumentar a produção de peças sobressalentes para este equipamento.

Para os especialistas do ECFR, esta estratégia industrial deve ser partilhada por vários países, incluindo o Reino Unido, cujo primeiro-ministro, Rishi Sunak, anunciou o envio de 14 carros de combate Challenger 2.

O Alto Representante da União Europeia (UE) para a Política Externa defendeu na terça-feira a continuação do apoio militar à Ucrânia, na resposta à invasão russa, com o envio de tanques pesados Leopard 2 que as autoridades de Kyiv têm solicitado.

"É razoável pedir que armas mais poderosas, como os famosos tanques Leopard, sejam entregues à Ucrânia ou isso não é razoável?", perguntou Josep Borrell aos eurodeputados durante um debate no Parlamento Europeu sobre a política comum de segurança e defesa da UE.

Também na terça-feira, vários dirigentes europeus defenderam no Fórum Económico Mundial, em Davos, a necessidade de manter a unidade europeia e transatlântica em relação à guerra na Ucrânia, e aumentar a ajuda militar a Kyiv com o envio de tanques modernos.

O Presidente da Polónia, Andrzej Duda, um dos participantes num debate realizado na estância turística suíça no âmbito do fórum, insistiu que a Ucrânia tem vindo a enviar a mesma mensagem desde o início da guerra, pedindo armas para combater a Rússia.

Duda, que esteve recentemente na Ucrânia, disse que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, lhe deixou claro que as forças armadas da Ucrânia precisam de tanques modernos.

"É a única forma de impedir a invasão", afirmou o líder polaco, citado pela agência espanhola EFE.

Leia Também: Pelo menos 16 mortos na sequência de helicóptero perto de Kyiv

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