Hosein Amirabdolahian sublinhou ainda, em entrevista à estação turca TRT, que Teerão também não reconheceu as recentes anexações de Lugansk, Donetsk, Kherson e Zaporijia, proclamadas pela Duma (Parlamento) russa em outubro.
"Opomo-nos à guerra e estamos focados em encontrar soluções políticas. Consideramos as ações provocativas da NATO e dos países ocidentais como a principal causa da guerra", destacou o governante.
O Irão é acusado pelo Ocidente de fornecer armas à Rússia, em concreto 'drones' letais utilizados por Moscovo nos ataques a infraestruturas ucranianas.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e quase oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 7.031 civis mortos e 11.327 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
O chefe da diplomacia iraniana abordou também os protestos antigovernamentais no Irão, desencadeados depois da morte em 16 de setembro de Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos, após a sua detenção pela polícia da moralidade iraniana por estar alegadamente a usar o véu islâmico de forma incorreta.
"Todos nós ficamos tristes com a morte daquela mulher iraniana [Amini]. O povo do Irão também é afetado por emoções", sublinhou, acrescentando rapidamente que "os 'media' ocidentais publicaram informações exageradas".
Para Amirabdolahian, os "protestos pacíficos", com a "intervenção ocidental", especialmente de países como Estados Unidos ou Reino Unido, tornaram-se "violentos" ao incentivarem os cidadãos a "contestarem" e até a "matarem policiais".
"O Ocidente aplica políticas de duplo padrão. Quem poderia imaginar que a morte de uma menina atrairia tanta atenção do Ocidente", frisou, citando, como exemplos, as mortes de palestinianos pelo Exército israelita.
Leia Também: Irão condena resolução do PE para sancionar Guarda Revolucionária